Tenho ouvido frequentemente a seguinte pergunta: "Por
que se preocupar tanto com o crescimento se há pleno emprego?". Na mesma
linha, apareceu nova afirmação: "Ninguém come PIB". Em comum, tratam
de reduzir o peso atribuído ao crescimento econômico em troca de variáveis mais
facilmente observáveis, como emprego ou o consumo de alimentos.
(...) De volta ao Brasil, ao ritmo observado entre 2003 e
2010 nossa renda per capita dobraria a cada 25 anos; no ritmo registrado de
2011 a 2013 (ou 2014), contudo, seriam necessários 65 anos para obtermos o
mesmo resultado. A equação do crescimento é, portanto, simples: queremos dobrar
nosso padrão médio de vida para nossos filhos ou teremos que esperar até depois
de nossos netos? A insatisfação que aos poucos transparece na sociedade
brasileira sugere que a resposta não está na segunda alternativa.
(...) E, mais cedo ou mais tarde, os apologistas de plantão
aprenderão que a gente não quer só comida, mas diversão e arte e, principalmente,
uma saída para qualquer parte (salve Titãs!).
Fonte: Alexandre Schwartsman, “Folha de S. Paulo”, Mercado, 9/4/14 (íntegra aqui).
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