Então professor do Departamento de História da USP
(Universidade de São Paulo), Marcos Silva esteve na Unesp (Universidade
Estadual Paulista), em Bauru, em meados dos anos 1990, para uma palestra sobre
ensino de história.
Na ocasião, ele fez uma interessante ligação entre o
historiador e o jornalista. “O jornalismo é um tipo de conhecimento histórico.
O jornalista analisa seu momento. O historiador divide com o jornalista
preocupações”, afirmou.
Ele fez questão de salientar que, ao contrário do que muitos
pensam, história não é a “ciência do passado”. Segundo Silva, história é o
estudo do ser humano e suas ações no tempo indeterminado – inclusive na atualidade.
Durante a palestra, o professor fez uma crítica ao “modus
operandi” da imprensa tradicional. De acordo com ele, o jornalismo trabalha
pouco com o homem comum. “O procedimento da imprensa deve ser refletido”,
afirmou.
Na ocasião, fiz duas perguntas ao professor, que gostaria de
reproduzir:
Pergunta – O Brasil é um país sem memória, como diz o senso-comum?
Marcos Silva – Discordo. Tem uma memória muito consolidada,
muito forte. Temos muita dificuldade de viver dentro desse esquema. A memória
da elite é muito forte. Basta ver o Duque de Caxias, o “pacificador”. O Brasil
possui uma memória poderosíssima. Apagou-se a memória dos movimentos sociais. Existe
uma memória determinada.
Pergunta – O povo brasileiro não tem memória, como afirmam?
Silva – Existem ponderações de “desmemória”. As pessoas não
esqueceram das coisas, foram levadas a não se lembrar. A grande imprensa
participou muito desse esquecimento. O grande mal é ser unidirecional.
Importante salientar novamente que a palestra (e, portanto,
as opiniões) foi dada em meados dos anos 1990.
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