quarta-feira, 23 de janeiro de 2013 | |

Jornalismo e história

Então professor do Departamento de História da USP (Universidade de São Paulo), Marcos Silva esteve na Unesp (Universidade Estadual Paulista), em Bauru, em meados dos anos 1990, para uma palestra sobre ensino de história.

Na ocasião, ele fez uma interessante ligação entre o historiador e o jornalista. “O jornalismo é um tipo de conhecimento histórico. O jornalista analisa seu momento. O historiador divide com o jornalista preocupações”, afirmou.

Ele fez questão de salientar que, ao contrário do que muitos pensam, história não é a “ciência do passado”. Segundo Silva, história é o estudo do ser humano e suas ações no tempo indeterminado – inclusive na atualidade.

Durante a palestra, o professor fez uma crítica ao “modus operandi” da imprensa tradicional. De acordo com ele, o jornalismo trabalha pouco com o homem comum. “O procedimento da imprensa deve ser refletido”, afirmou.

Na ocasião, fiz duas perguntas ao professor, que gostaria de reproduzir:

Pergunta – O Brasil é um país sem memória, como diz o senso-comum?
Marcos Silva – Discordo. Tem uma memória muito consolidada, muito forte. Temos muita dificuldade de viver dentro desse esquema. A memória da elite é muito forte. Basta ver o Duque de Caxias, o “pacificador”. O Brasil possui uma memória poderosíssima. Apagou-se a memória dos movimentos sociais. Existe uma memória determinada.

Pergunta – O povo brasileiro não tem memória, como afirmam?
Silva – Existem ponderações de “desmemória”. As pessoas não esqueceram das coisas, foram levadas a não se lembrar. A grande imprensa participou muito desse esquecimento. O grande mal é ser unidirecional.

Importante salientar novamente que a palestra (e, portanto, as opiniões) foi dada em meados dos anos 1990.

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