Em menos de dez dias, o Facebook invadiu as conversas ao meu
redor. Primeiro, um “imbroglio” envolvendo o que considero uma idiotice de “aceitar”
e “excluir” (repare bem nos verbos e o peso que eles representam) alguém como “amigo”.
Como se pudesse existir amizade por meio de uma rede social, mas esta é outra
questão.
Depois, um outro problema envolvendo a necessidade das
pessoas de fazerem do tal Facebook um diário. “Fui em tal lugar...”, “Estive
com fulano...”. De repente, a vida de - quase – todo mundo tornou-se de interesse público.
E tudo culminou no questionamento de uma conhecida. A pergunta
inevitável: “Você não tem Facebook né?”. No que respondi: “Para quê? Para ficar
fuçando a vida dos outros?”. E ela: “Ué, é exatamente isto. É legal!”.
Dispenso.
Não adianta você aí, fã do dito cujo, dizer que não é necessariamente
assim porque está na essência do Facebook bisbilhotar o que outros escrevem. Daí
à exposição exacerbada que se vê a todo momento é um pulo. A tal rede
despertou, parece-me, alguns dos mais primitivos instintos humanos...
Confesso que não entendo o que motiva alguém a tornar pública
sua agenda diária de compromissos.
Tampouco consigo entender a exposição fotográfica (muitas
vezes de gosto duvidoso, quando não resvalando para o apelo erótico mesmo). Poses
e mais poses, novos cortes de cabelo, mensagens inúteis, enfim.
De repente, a vida de – quase – todo mundo virou um livro
aberto.
A vaidade humana é potencializada pela rede, sem dúvida. O ego
fica lustrado. Quem não gosta de, ao postar uma foto, ler comentários do tipo “linda”,
“fofa”, “bonita como sempre”? Ou mesmo receber cantadas como “está disponível?”
e afins. Faz parte da natureza humana gabar-se com o elogio.
Não sou psicólogo, antropólogo ou algo do gênero para tentar
explicar o fenômeno. Nem pretendo.
Só sei que me causa certa irritação esta exposição da vida
alheia. E o interessse que isto desperta – porque desperta.
Aí um amigo me disse: “O problema não é o Facebook, são as
pessoas”. Ele tem meia razão. Afinal, a tal rede foi criada para quem senão
para o ser humano?
O fato é que, sem ter Facebook, em uma semana me vi diante de
dois problemas ligados a ele.
Prefiro, pois, levar minha vidinha desinteressante. Acho
melhor, como costumava brincar um colega, “reduzir-me à minha insignificância”.
A quem há de interessar, por exemplo, que acordei resfriado
se não sou Frank Sinatra...?
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