(...) Talvez seja a sensação de que a vida vai (aos poucos, de sete em sete anos) e que poderia ter sido outra. Mas será que poderia? E outra como?
(...) Só há uma vida: a que estamos vivendo. É óbvio. Mas por que mal conseguimos viver sem imaginar que ela possa ou deva ser "outra"?
É uma aflição moderna, pós-romântica. Imagine que Emma Bovary e Anna Karenina tenham se juntado, desistido de complicar sua vida com amantes e sonhos, e transferido todas suas aspirações para seus filhos, ou seja, para nós. Rebentos dessas duas maravilhosas mulheres, como poderíamos achar que o que vivemos é suficiente? Como poderíamos ver o fim da vida se aproximando sem resmungar: "Então, era só isso?".
Fonte: Contardo Calligaris, "Então, era só isso?", Folha de S. Paulo, Ilustrada, 10/1/13.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 16:39 |
Mais reflexões sobre o ato de viver
Marcadores: Contardo Calligaris, reflexão, vida
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário