Quando se fala em Olimpíadas, um dos principais temas em
discussão é o tal legado – ou seja, o que vai restar para a comunidade após as
duas semanas de jogos e gastos cada vez mais bilionários para sediar o evento.
Dia desses, conversando com um amigo sobre o assunto, argumentei
que os custos para realização dos Jogos Olímpicos estão saindo do controle. Ou,
dito de outra forma, assumindo valores estratosféricos. Será, afinal, que vale
a pena?
Este amigo citou, como legado, o caso de Barcelona, na
Espanha, sede dos jogos de 1992. Contra-argumentei afirmando que já se passaram
cinco olimpíadas (considerando só as de verão) e todo mundo ainda se baseia no
mesmo exemplo. Qual foi, afinal, o legado para as demais cidades? O que podem
falar os moradores de Atlanta (1996), Sidney (2000), Atenas (2004), Pequim
(2008) e agora Londres (2012)?
Uma ajuda para responder esta pergunta pode ser encontrada
no trabalho dos fotógrafos Jon Pack e Gary Hustwit. Eles acabaram de realizar o
projeto “The Olympic City”, cujo objetivo foi justamente registrar o legado
olímpico para as cidades ao redor do mundo.
De acordo com eles, sediar um evento desse porte se
apresenta como uma oportunidade para as cidades se mostrarem ao mundo e atraírem
dólares com o turismo. Ao mesmo tempo, gastam milhões ou até bilhões para
organizar a festa. “Mas depois que o evento acaba, que as medalhas foram
distribuídas e a tocha olímpica é extinta, o que vem? O que acontece com uma
cidade depois que as Olimpíadas acabam?”, citam.
Será que cidades como Rio de Janeiro e Londres precisam dos
Jogos Olímpicos como divulgação internacional e para atrair turistas? Será que
de fato o evento atrai turistas de modo a justificar tantos investimentos?
No “The Olympic City”, financiado por meio de um site especializado em captação de recursos junto a internautas, os fotógrafos
buscaram “exemplos de sucesso e fracasso, restos esquecidos e fantasmas do
espetáculo olímpico”. Segundo eles, algumas construções foram adaptadas e
usadas para fins distintos daqueles para as quais foram erguidas: viraram prisões,
shoppings, igrejas.
“Outros lugares estão sem uso por décadas e se tornaram ‘trágicas
cápsulas do tempo’, exemplos de planejamento equivocado e promessas não
cumpridas de benefícios que os jogos trariam. Estamos interessados nestas ideias
díspares – decadência e renascimento – e como alguns lugares parecem ter
seguido um caminho ou outro, seja por escolha ou pelas circunstâncias. Estamos
igualmente interessados na vida das pessoas cujas vizinhanças foram
transformadas pelo desenvolvimento olímpico”.
Foram captadas imagens em Atenas (Grécia), Barcelona, Cidade
do México, Los Angeles (EUA), Montreal (Canadá), Lake Placid (EUA), Roma (Itália)
e Sarajevo (Bósnia). Também estão no roteiro Pequim (China), Londres (Inglaterra)
e outras cidades ainda a serem definidas.
É interessante ver nas imagens que até o “modelo Barcelona”
apresenta problemas.
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