Então
ficamos assim: o ministro José Antonio Dias Toffoli - um dos 11 decisivos votos
do STF (Supremo Tribunal Federal), a mais alta corte do Judiciário – não se
considerou impedido de participar do julgamento do chamado “mensalão”, iniciado
na última quinta-feira (2/8).
Dias Toffoli
traz no currículo o fato de ter advogado em favor do PT (partido foco da
denúncia em julgamento no STF), de ter sido assessor na Casa Civil do então
ministro José Dirceu (justamente um dos principais réus do caso) e de ter
defendido o ex-presidente Lula em três campanhas eleitorais, recebendo pagamento
de Delúbio Soares (ex-tesoureiro do PT e também réu no caso).
Não bastasse
isso, Dias Toffoli namora uma advogada que atuou em defesa de um ex-deputado
federal do PT também réu no processo do “mensalão”. E, para fechar a questão
familiar, o irmão do ministro é prefeito de Marília (SP) justamente pelo PT.
Cobrindo causas
forenses na Comarca de Limeira durante anos como repórter de um jornal, vi juiz
se declarar impedido de julgar um processo por motivo muito menos relevante.
Pois para
Dias Toffoli, todas as ligações de seu currículo e de seu passado (não é
preciso sequer considerar a namorada e o irmão) com os réus não foram
suficientes para ele se declarar suspeito no julgamento.
É uma questão
de foro íntimo, um direito do ministro considerar-se apto para julgar o caso –
até porque ninguém pediu sua suspeição -, mas que é eticamente questionável,
isto é.
Como disse
um amigo recentemente ao comentar uma certa boataria envolvendo o trabalho da imprensa:
“é uma total inversão de valores”.
Assim, não é
só o “mensalão” que está em julgamento no STF. A ética também foi parar no
banco dos réus.
O voto de
Dias Toffoli promete, desde já, provocar polêmica.
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