Aparecido Capello assumiu o
comando da Delegacia Seccional de Limeira em 27 de março de 2002. Tão logo
tornou-se chefe, reuniu a imprensa para se apresentar. Eu era repórter do
“Jornal de Limeira” na ocasião e cobri a chegada do novo comandante da Polícia
Civil na regional de Limeira.
Lembro bem da ocasião: com a
fala calma que lhe é característica e observado pelos olhos claros e de ar
sombrio da garota do quadro que há anos estampa a parede dos fundos da sala do
seccional, Capello elegeu o combate ao furto e roubo de veículos como
prioridade de sua gestão.
De imediato, anunciou a
criação de uma força-tarefa para combater esse tipo de crime e também os que
estão diretamente ligados a ele, como a receptação de peças pelos desmanches.
Então uma verdadeira praga em
Limeira, os furtos e roubos de veículos tinham somado 772 casos em 2001. Já no
primeiro ano de Capello à frente da Seccional, o número saltou para 859. Em 2003, a primeira redução em
muito tempo – 800 ocorrências. No ano seguinte, uma pequena alta: 828. Uma nova
queda foi verificada em 2006 (882 casos) após uma “explosão” nos casos no ano
anterior (993).
Capello deixou a Seccional no
final de 2008. Entregou ao sucessor um índice de 1.020 roubos e furtos de
veículos. Desde então, a unidade policial já teve dois comandantes – Sebastião
Antonio Mayrinques e o atual, José Henrique Ventura. Desde então, a ação dos
ladrões de veículos só cresceu na cidade. Em 2011, foram 1.564 casos (média de
quatro por dia), um recorde histórico.
Tem-se, portanto, que em dez
anos esse tipo de crime dobrou em Limeira, o que não se deu com a população nem
com a frota veicular (que cresce assustadoramente, mas não na mesma proporção).
Na polícia, sempre que tais
números são apresentados, surge o argumento de que muitos casos decorrem do
chamado “golpe do seguro”. Deve ser fato – hoje e ontem. Ou seja, a alegação
que vale para agora também há de valer para dez anos atrás, ainda que em menor
número, mas não o suficiente para justificar o aumento verificado nas
estatísticas da Secretaria da Segurança Pública.
Embora eu acredite que a
máxima “contra números não restam argumentos” merece ser relativizada, neste
caso não há o que contestar. As forças de segurança – comandadas prioritariamente
pelo governo estadual – fracassaram na política de repressão aos furtos e
roubos de veículos.
Um fracasso que tem custado
um alto preço à sociedade, seja diretamente pela perda do bem pela vítima (um
prejuízo estimado em torno de R$ 23,5 milhões considerando só os casos de 2011
e tomando como valor médio dos veículos R$ 15 mil), seja indiretamente pelos
donos de veículos ao pagarem mais pelo seguro – as companhias seguradoras
apontam o problema como causa principal dos preços elevados do serviço em
Limeira.
Em tempo: fenômeno semelhante
ocorreu em Piracicaba (1.935 ocorrências em 2011) e Americana (1.539 casos), o
que reforça a tese que se trata de um crime regional, combatido via de regra
localmente porque faltam integração e inteligência conjunta para as polícias.
No que diz respeito aos
furtos e roubos de veículos, a “política de segurança” do Estado - se é que
há... - falhou.
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