(...) O que os criadores da internet conceberam foi, na
prática, uma máquina global para produzir surpresas. A web foi a primeira
surpresa realmente grande, e ela veio de um indivíduo, o físico Tim
Berners-Lee. Em 12 de março de 1989 ele escreveu a primeira proposta do que
viria a ser a web e, com um grupinho de auxiliares, escreveu os softwares e
arquitetou os protocolos necessários para implementá-la. E então a lançou para
o mundo, colocando-a no servidor de internet da Cern (Organização Europeia para
a Pesquisa Nuclear) em 1991, sem precisar pedir a autorização de ninguém.
(...) Em 1455, Johannes
Gutenberg lançou sozinho uma transformação no ambiente de comunicações que vem
moldando a sociedade desde então. Antes de Berners-Lee ninguém fizera algo
comparável.
(...) Escritores como Nick Carr estão convencidos de que
sim. Carr acha que as pessoas são menos contemplativas hoje porque a web as
distrai. "À exceção dos alfabetos e dos sistemas numéricos", ele
escreve, "a internet é possivelmente a mais poderosa tecnologia de
alteração da mente que jamais se disseminou". Mas se a tecnologia tira,
ela também dá. Para cada tecnopessimista como Carr há pensadores como Clay
Shirky, Jeff Jarvis, Yochai Benkler, Don Tapscott e muitos outros (entre os
quais eu me incluo) para os quais os benefícios superam, por muito, os custos.
Fonte: John Naughton (Clara Allain, trad.), “Estrada sem fim”,
Folha de S. Paulo, Ilustríssima, 16/3/14.
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