segunda-feira, 31 de março de 2014 | | 0 comentários

"Pátria Armada" (1)

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Frase

“E será então um triunfo direitista que atrasará por vinte anos o progresso do Brasil.”
Alceu Amoroso Lima, pensador católico, em carta para a filha

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Vida "loka" - provocações

(...) E se o velho ritmo de nascer, crescer, plantar, colher, reproduzir e morrer, com variações criadas pela Apple, for tudo o que temos? E se for justamente essa "perenidade do esforço" impermeável às modas de comportamento a realidade silenciosa da vida?

E se o Eclesiastes, livro que compõe o conjunto de quatro textos da Bíblia hebraica (que os cristãos chamam de Velho Testamento) conhecidos como Sabedoria Israelita (Provérbios, Eclesiastes, Livro de Jó e Cântico dos Cânticos) estiver certo, e não existir nada de novo sob o Sol? E se tudo for, como diz o sábio bíblico, vaidade e vento que passa?

Fonte: Luiz Felipe Pondé, “Melhor impossível?”, Folha de S. Paulo, Ilustrada, 31/3/14.

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Trabalhando...

Domingo, vai ter um joguinho aí...

E desta vez foi na lendária Vila Belmiro. Como poucos estádios no país, o "Urbano Caldeira", em Santos, emana uma sensação diferente, de um verdadeiro templo do futebol. Obviamente, sua arquitetura antiga reforça a menção ao passado glorioso, de um gramado que serviu de palco para craques como Dorval, Coutinho, Mengálvio, Pepe e o maior de todos - Pelé.

Para completar, a Vila possui em seu interior uma série de painéis que ajudam a contar a história remontando à cultura dos azulejos portugueses, tão presente na cidade (embora, lamentavelmente, em muitos casos num péssimo estado de conservação).





Mas a Vila é a Vila, pequenina, acanhada, velha, mas com uma energia própria inquestionável e inesquecível.






Ah, o jogo terminou Santos 3 x 2 Penapolense.



Ok, para não dizer que não falei do Palmeiras, a torcida alviverde também dá seu show:




* Vídeo com a reportagem do jogo acrescentado em 4/4/14

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Constatação (ou reflexão do dia)

Amigos - de verdade, daqueles com quem se conta em toda e a qualquer hora - são realmente espécie rara, raríssima. Felizes os que sabem conservar uma amizade.

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Jornalismo: como não destruir reputações

(...) é impossível criar regras fixas para determinar o que será publicado e o que irá para a gaveta. Uma boa apuração - reunir o maior número de informações, questionar o que vem da polícia e do Ministério Público, ouvir com atenção a versão dos acusados - ajuda muito, mas, no momento de decisão, ainda entra uma boa dose de intuição.

O importante é ter sempre em mente que, como bem definiu uma das acusadas na Escola Base, "o jornalismo tem o poder de glorificar e de massacrar". É a força da imprensa que constrói e destrói reputações, para o bem e para o mal.

Fonte: Suzana Singer, “Abuso sexual: erros e acertos”, Folha de S. Paulo, Ombudsman, 30/3/14.

sábado, 29 de março de 2014 | | 0 comentários

Os 25 anos do Memorial da América Latina

O Memorial da América Latina, localizado ao lado do terminal Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, abriu uma exposição para comemorar seus 25 anos de fundação.




  
A exposição está dividida em seis ambientes. São fotos, textos e vídeos que retratam os 25 de história do Memorial, um dos símbolos da cidade de São Paulo. Cada ambiente tem um tema, que mistura um pouco de história e arte, como o artesanato dos povos da América Latina e a própria construção do Memorial, com seus traços arredondados, marca da arquitetura de Oscar Niemeyer, e a famosa mão exposta com o sangue latino escorrendo.




Os grandes momentos da instituição também estão na mostra, desde a festa de inauguração, passando por exposições, eventos e shows. A exposição vai até 21 de abril, com entrada franca.

* A última foto da postagem, do fotógrafo Cristiano Mascaro, é parte da mostra.

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O objetivo e os obstáculos no caminho

(...) A) Quem tem um objetivo na vida irá se defrontar com uma força oposta; para eliminar esta força, é preciso aprender como fazê-la trabalhar a seu favor.

B) Um verdadeiro guerreiro jamais sacrifica seus amigos para derrotar o adversário; portanto, ele tem que aprender a detectar e resolver os problemas antes que eles se manifestem.

C) A melhor maneira de enfrentar o adversário é convencê-lo da inutilidade de seus gestos. O guerreiro mostra que seu objetivo não é destruir nada, mas construir sua própria vida. Quem caminha em direção ao seu sonho busca a harmonia e o entendimento antes de qualquer coisa, e não se importa de explicar mil vezes o que deseja, até ser escutado e entendido.

D) Não fique olhando o tempo todo os problemas que estão no seu caminho: eles terminarão por hipnotizá-lo, impedindo qualquer ação. Tampouco fique concentrado demais nas suas próprias qualidades, porque elas foram feitas para serem usadas, e não para serem exibidas.

E) A força de um homem não está na coragem de atacar, mas na capacidade de resistir aos ataques. Desta maneira, prepare-se (...) para aguentar firme e continuar no caminho, mesmo que tudo e todos em volta procurem afastá-lo de sua meta.

F) A derrota acontece antes da vitória. A chave para ganhar é saber perder e não desistir.

G) Em situações extremas, principalmente quando você já está quase perto do seu objetivo, o Universo irá testar os seus propósitos, exigindo o máximo de sua energia. Esteja preparado para grandes provas, à medida que o sonho se torna realidade. (...)

Fonte: blog do Paulo Coelho, "Ueshiba e o adversário", postado em 28/3/14.

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Jornalista robô - ou robô jornalista (?!)

Por causa de um robô, o jornal americano "Los Angeles Times" foi o primeiro veículo a noticiar o terremoto de 4,4° de magnitude que atingiu a cidade no dia 17.

Segundo reportagem da revista digital "Slate", embora o texto levasse a assinatura de Ken Schwencke, o material foi elaborado por um algoritmo chamado Quakebot, desenvolvido por Schwencke, programador e jornalista.

(...) Schwencke disse à "Slate" que não vê o robô como uma ameaça ao trabalho dos jornalistas, apenas torna-o mais interessante. Embora possa construir um texto básico, o Quakebot não pode avaliar eventuais danos no solo nem entrevistar especialistas ou discernir aspectos subjetivos que permeiam a história.

Fonte: Da Redação, 'Repórter robô’ noticia em 1ª mão terremoto nos EUA, Folha de S. Paulo, Mercado, 27/3/14.

quarta-feira, 26 de março de 2014 | | 0 comentários

Um lugar chamado Paraisópolis

"Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo."

"E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, e multiplicar-se como larvas no esterco."
(Trechos de “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo)


Dia desses recebi uma missão difícil: ir para uma das duas maiores favelas de São Paulo, Paraisópolis, na zona sul, e retratar a comunidade.


Missão quase impossível captar imagens e histórias em menos de três horas para retratar em dois minutos de reportagem uma comunidade onde vivem de 60 mil pessoas, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a 100 mil, de acordo com moradores.

Mais que isto: retratar uma comunidade das mais complexas, formada por uma ampla maioria de gente trabalhadora e do bem, grande parte migrante do Nordeste, um lugar também conhecido nacionalmente pelo domínio do tráfico e pela criminalidade (quem mora em São Paulo conhece bem o temor de passar “pela ladeira de Paraisópolis”, na região da avenida Giovanni Gronchi).

Um aparte: talvez nenhum outro lugar exponha de modo tão cru a desigualdade brasileira quanto Paraisópolis. A favela está ao lado, literalmente, a uma rua, de condomínios de luxo do bairro do Morumbi, prédios onde chega a haver uma piscina por apartamento.



E lá fui eu, subindo ladeiras, entrando em becos e vielas, subindo as dezenas de degraus que levam de uma casa para outra e para outra e para outra, tal qual um edifício improvisado, feito laje sobre laje, estas vendidas ou alugadas tal qual um terreno. E até sobre a laje fui parar depois de recorrer a uma escada capenga de madeira e passar por um buraco pequeno que levava ao telhado.





Ouvi histórias simples, histórias incrivelmente ricas, vi gente feliz, gente que confessou querer ir embora dali, acima de tudo gente.

Na viela da Alegria, escura e úmida, o grupo de meninos agia como uma espécie de “guia”. “Corta pra mim!”, disse um dos mais novinhos, entoando bordão famoso na voz do jornalista Marcelo Rezende, que comanda o noticiário policial da TV Record, “Cidade Alerta”.

- Olha, tio, ele tem um dedo a mais!, exclamou um outro garoto.
- Nossa, é mesmo. Você é então o campeão de toda a turma, quem mais tem dedos, seis dedos, disse eu.
- Eu não tenho seis dedos!, retrucou o garoto. Tenho onze!!!



No lugar onde comprei uma coxinha por R$ 1,50 (foi o almoço daquela manhã/tarde que se estendeu além do horário), ouvi a história de um homem sorridente que acabara de se realizar na vida ao largar dez anos de trabalho como empregado para se tornar patrão: a garagem alugada virou um bar/restaurante. “Está dando para pagar as contas”, falou.

Ali mesmo, um outro homem exibindo seu conjunto de tatuagens, gíria típica da periferia paulistana, aproximou-se inquisidor: “E aí mano, qual é a pegada?”. Expliquei que estávamos ali para uma reportagem sobre a vida em Paraisópolis. Ele abandonou o ar bravio e iniciou uma amistosa conversa. Explicou que a garagem agora bar pertencia ao pai dele, que acabara de alugar para o “Gil”. Contou outras histórias dali. Sugeriu que gravássemos na rua perpendicular, justamente o local para onde não deveríamos mirar nossa câmera, segundo a recomendação ouvida minutos antes.

- Mas não é perigoso?, perguntei.
- Né, não, tranquilo.
- Mas não é ponto de tráfico?
- Tranquilo.
- Vocês se sentem seguros aqui?
- Claro! Normal.
- Mas o que a gente vê na TV então é exagerado?
- Lógico!

Diante do contraste de manifestações, retruquei ao interlocutor que havia me recomendado cautela na rua agora indicada a fim de saber se ela era mesmo insegura e a resposta foi elucidativa: “Com vocês não vão fazer nada, mas depois vão querer saber porque eu estou levando a televisão para lá. O risco é meu”.

A conversa mais estranha, marcada por uma aparente falta de confiança (mútua?), foi justamente com quem deveria me guiar por Paraisópolis: um representante da associação de moradores (atenção: não se entra em nenhuma favela sem estes seres). Foi também uma conversa reveladora sobre o que os moradores chamam de lugar seguro. Segurança há, basta seguir as regras. E estas são impostas não pelo Estado ou pela polícia e sim por quem de fato manda na área.

- Antes de começarem a filmar, deixa eu avisar alguém que vocês vão ficar circulando por aí.
- Você tem que avisar alguém? Quem?, perguntei, fazendo-me de ingênuo.
- Eu vou avisar alguém!, respondeu meio rispidamente o representante da associação.

Alguém que, como os milhares em Paraisópolis, vive anonimamente.








Em tempo: naturalmente, seria impossível retratar a complexidade de Paraisópolis nas condições que já mencionei, ainda assim gostei do resultado final da reportagem:

)

terça-feira, 25 de março de 2014 | | 0 comentários

Apenas versos

Um dia você vai
Procurar por mim
Em busca de um ombro
Amigo pra chorar

(“Que era eu”, de Elias Muniz e Carlos Colla)

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Trabalhando...

Matéria sobre horários alternativos de trabalho:


Matéria sobre separatismo:

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Frase

“A rua não é um lugar fácil de trabalhar. É para bravos. Para corajosos.”
Fátima Bernardes, jornalista, em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, referindo-se ao trabalho de jornalista

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Eu só queria entender...

(...) Quando chefe da Casa Civil, Dilma mandava no setor energético mais do que havia conseguido mandar na sua lojinha. Em 2006, a Petrobras comprou de uma empresa belga chamada Astra Oil 50% de uma refinaria que fica em Pasadena, nos EUA, por US$ 360 milhões. Ocorre que a Astra havia pagado pela refinaria inteira, menos de um ano antes, apenas US$ 42,5 milhões. A Petrobras comprou por US$ 360 milhões aquilo que valia US$ 21,25 milhões - um ágio de 1.590%. Cláusulas contratuais obrigaram a empresa brasileira a ficar com a outra metade, aí por US$ 820,5 milhões. A sucata está lá, parada. (...)

Fonte: Reinaldo Azevedo“Gaby Amarantos canta para Dilma”, Folha de S. Paulo, Poder, 21/3/14.

***

(...) 1 - Como a tão centralizadora e detalhista Dilma, então chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, votou a favor de uma operação tão esquisita?

2 - Se havia todo um detalhamento da proposta, por que Dilma e os conselheiros, que são bem remunerados, contentaram-se com um mero resumo agora criticado como "técnica e juridicamente falho"?

(...) 5 - Mas a mais importante questão de todas, no caso Pasadena, é aritmética: como, quando e por que pagar US$ 360 milhões pela metade de uma refinaria que acabara de ser vendida um ano antes, integralmente, por US$ 42,5 milhões?

(...) 7 - É comum uma refinaria de US$ 42,5 milhões passar a valer mais de US$ 1 bilhão num passe de mágica?

8 - Por que Dilma ficou esses anos todos calada e agora resolveu soltar uma nota jogando o escândalo dentro do Palácio do Planalto? Ela quis se antecipar a outros dados que estão para pipocar?

Fonte: Eliane Cantanhêde“Perguntar não ofende”, Folha de S. Paulo, Opinião, 21/3/14.

***

(...) Cerveró caiu da direção em maio de 2008, quando o conselho e Dilma, dizem, foram informados de que seriam esfolados pela Astra. Mas caiu "para o lado". Era diretor financeiro da BR até ontem. Por que ficou? Era inocente? Sabia demais? Por que Dilma o expôs apenas agora?

Dilma achava que o negócio inicial era bom? Isto é, aprovou gastar US$ 360 milhões por 50% de uma refinaria vendida um ano antes por US$ 42 milhões?

O que foi feito para tirar a coisa a limpo? Houve tempo. Petrobras e Astra começaram a negociar um acordo no final de 2007. A petroleira jogou a toalha em março de 2012. Não deu tempo de investigar o motivo da tunda de US$ 1 bilhão?

Fonte: Vinicius Torres Freire“A refinaria sem refinamento de Dilma”, Folha de S. Paulo, Mercado, 21/3/14.

quinta-feira, 20 de março de 2014 | | 0 comentários

SP em p&b e sépia











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É isso...

(...) Boa parte da barbárie brasileira pode ser demonstrada pelo que se vê no trânsito das nossas cidades. Ora por falta de vergonha, ora por analfabetismo verbal e/ou não verbal + falta de vergonha, os brasileiros provamos, um bilhão de vezes por minuto, que este país não deu certo.

(...) Não sou dos que dizem que este país é maravilhoso etc., que a nossa sociedade é maravilhosa etc. Não há solução para a barbárie brasileira que não comece pela admissão e pela exposição da nossa vergonhosa barbárie de cada dia, sob todas as suas formas de manifestação. A barbárie é filha direta da ignorância e se manifesta pelo atrevimento inerente à ignorância. Falta competência de leitura, verbal e não verbal; falta educação, formal e não formal. Falta vergonha. Falta delicadeza. Falta começar tudo de novo. É isso.

Fonte: Pasquale Cipro Neto,
“O Brasil, a rotatória e os analfabetismos”, Folha de S. Paulo, Cotidiano, 20/3/14.

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Eis a questão...

Há na oposição muita gente assanhada com as tantas chances de espinafrar Dilma Rousseff, dadas as tantas bobagens cometidas pelo governo, vide o caso da escassez de eletricidade, mas não apenas.

(...) Mais importante é perguntar: 1) Apesar dos fracassos evidentes do governo, a picuinha vai colar na massa do eleitorado?; 2) Vai ser assim que a oposição vai conversar com o eleitorado a respeito do futuro do país?; 3) Não é possível dar um desconto de 10% no espírito de porco e no oportunismo, de lado a lado, governo e oposição?

Para começar, quão visíveis são os fracassos do governo, quão evidentes são no cotidiano do povo miúdo? Quão visíveis são os sucessos, mesmo aqueles apenas aparentes, pois insustentáveis?

Fonte: Vinicius Torres Freire, "Dilma 2, o visível e o invisível", Folha de S. Paulo, Mercado, 20/3/14.

PS: daí a importância da educação e da informação...

quarta-feira, 19 de março de 2014 | | 0 comentários

Irmão sol, irmã lua

Os astros sempre dando espetáculo - basta olhar pela janela:




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Se amigos não houver...

Quando o mundo
Te deixar
Com lágrimas no olhar
Eu enxugarei
Nas aflições
No seu lado estarei
Se amigos não houver
Sobre o rio das inquietas águas
Eu me estenderei 

Quando as ruas
São frias e hostis
E a noite cai tão cruel
Te confortarei
Como luar
Contra todas as sombras
Se a dor está ao redor
Sobre o rio das inquietas águas
Eu me estenderei

Sua luz de prata
Segue a navegar
Que o tempo é seu
Pra brilhar
Os teus sonhos estão por vir
Estão a brilhar
Se você quiser
Vou navegar com você
Sobre o rio das inquietas águas
Eu me estenderei

(“Rio das Inquietas Águas”, de Paul Simon, versão de Guilherme Arantes)

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Frase

“A gente tem que ser grato na vida aos verdadeiros benfeitores.”
Eduardo Sterblitch, ator e humorista, em entrevista ao programa “Agora é Tarde” (Band, ter.-sex., 0h), referindo-se ao colega Emílio Surita, a quem agradeceu por ter lhe dado oportunidade e apostado no talento dele

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A questão do racismo

(...) Ora, como espaço privilegiado da emoção o futebol não poderia deixar de sintetizar e manifestar algumas tensões sociais latentes. Ele não é nem menos nem mais racista que outros domínios da sociedade brasileira (ou italiana, ou qualquer outra). É seu espelho, sua caixa de ressonância. Um episódio de discriminação ocorrido, por hipótese, num bar ficará restrito ao conhecimento de poucas pessoas; se o palco for um estádio de futebol, o fato ganhará larga publicidade. Diz o noticiário que Arouca foi ofendido por "três ou quatro torcedores"; Assis, por um único. Números, portanto, não superiores aos de cenas de desrespeito racial em um hipotético bar, baile ou parque. É evidente que todo ato racista é condenável independentemente da quantidade de pessoas que o pratiquem, mas também independentemente do local em que ocorre: ele não é mais incivilizado por se dar em um estádio.

Comentando os acontecimentos da semana passada, o ex-craque Raí observou que, se o racismo "passar impune no futebol, com certeza passará impune na sociedade". É verdade. No entanto, o inverso também o é, e com mais razão. No futebol o racismo é ambíguo: os mesmos torcedores que ofendem o jogador negro do time adversário aplaudem o negro do próprio time. Onde nasce e prospera o racismo é na sociedade. Inclusive com conceitos e práticas que o reforçam mesmo pretendendo o contrário. Proclamar a suposta superioridade da mestiçagem ou reservar cotas raciais na universidade pública alimenta pelo avesso aquilo que se quer combater. O inverso de um racismo é outro racismo. A tessitura das malhas sociais num país com a história e o perfil do Brasil é complexa. Precisa ser pensada e debatida de forma profunda e contínua, não apenas emocional e emergencial.

Fonte: Hilário Franco Júnior, “Um país no espelho”, O Estado de S. Paulo, Aliás, 16/3/14, E3.

Em tempo: se a Federação Paulista de Futebol (FPF) – ou a CBF ou a Conmebol (respectivamente confederações brasileira e sul-americana de futebol) – quer de fato dissociar o racismo do esporte que comanda basta tomar medidas EFETIVAS e RIGOROSAS de punição aos responsáveis diretos (torcedores, atletas e/ou dirigentes) e indiretos (clubes). 

Palavras em faixas e notas oficiais são discursos vazios, nada mais.

PS (acrescentado em 26/3/14): Quando me refiro a punição rigorosa e efetiva definitivamente não é o que fizeram a FPF e Conmebol com multas de no máximo R$ 50 mil.

Leia também

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Apenas versos

(...) neste mundo burlão, sou o meu próprio inimigo,
que me agarro, infame, pela garganta.
Não tenho nem avião, nem bombas,
nem foguetes, nem mísseis, nem armada atómica:
a minha república só armazena desejos tradicionais,
e sei que quem não está comigo, não é por isso meu inimigo.
Basta, já estou farto que ninguém me explique,
com a seriedade de uma baioneta, o que quero eu,
isto ou aquilo; confesso que ambas as coisas em geral,
a mim os anjos não me fizeram brilhar a alma.
Procuro-me a mim mesmo, assim vive a minha república,
valente em equivocar-se e livre para atrever-se.
Solicito que me admitam entre as potências,
ou então, não contem comigo no futuro.

(“Petição da R.A.S.A. às Nações Unidas”, de Sándor András, tradução de György Ferdinandy, Maria Teresa Reyes-Cortés e Jesús Tomé, Budapeste, 1934)

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Quando a política eleitoreira fala mais alto

Quando a doutora Dilma assumiu a Presidência, uma ação da Petrobras valia R$ 29. Hoje ela vale R$ 12,60. Somando-se a perda de valor de mercado da Petrobras à da Eletrobras, chega-se a cerca de US$ 100 bilhões. Isso significa que a gestão da doutora comeu um ervanário equivalente à fortuna do homem mais rico do mundo (Bill Gates, com US$ 76 bilhões), mais a do homem mais rico do Brasil (Jorge Paulo Lemann, com US$ 19,7 bilhões). Noutra conta, a perda do valor de mercado das duas empresas de energia equivale à fortuna dos dez maiores bilionários brasileiros.

(...) O que agrava o episódio é que tanto a Petrobras como a Eletrobras atolaram por causa de uma decisão politicamente oportunista e economicamente leviana. Tratava-se de vender energia a preços baixos para acomodar o índice do custo de vida, segurando a popularidade do governo. O truque é velho. Mesmo quando deu resultados políticos imediatos, sempre acabou em desastres para a economia.

(...) O que há no governo é mais do que má gerência. É uma fé infinita na empulhação, ofendendo a inteligência alheia.

Fonte: Elio Gaspari, “O comissariado destruidor”, Folha de S. Paulo, Poder, 19/3/14.

terça-feira, 18 de março de 2014 | | 0 comentários

Craques da bola


Estes três jogaram muito futebol (cof, cof, cof...)!

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Indignados do mundo, uni-vos!

"(...) pois sem indignação não há história."

Trecho da entrevista do sociólogo Michael Löwy:

(...) nos últimos tempos, vimos o Occupy Wall Street, os indignados espanhóis e outros movimentos contra o capitalismo. A mensagem é similar: outro mundo é possível. Por que esses movimentos explodem, expõem as contradições do sistema e depois desaparecem? Aliás, desaparecem? Por que não podem ‘mudar o mundo’?
Infelizmente, não há resposta pronta. (...) Essa ascensão está relacionada à crise financeira, mas principalmente às injustiças gritantes do neoliberalismo. É formidável assistir a esse sentimento de revolta na sociedade civil, principalmente na juventude, tomar corpo nas ruas. Inexplicável? Não, muito razoável: o mundo está passando por um momento de turbulência. Inexplicável é não haver ainda mais revolta: por que não há mais indignados noutros países? Estamos vivendo a mais dramática crise financeira desde 1929. Essa crise mostra a profunda irracionalidade do sistema: faltam recursos para resolver as questões mais elementares da população, mas há bilhões de euros disponíveis para salvar os bancos. Nesse sistema, os responsáveis econômicos e políticos só agravam a crise, com as políticas de austeridade, numa espiral sem fim, que faz com que economistas como Paul Krugman digam: mas é absurdo, como isso é possível? Bom, essa é a lógica irracional do sistema capitalista. (...) Alguns de meus amigos marxistas acreditam que essa é a crise "final" do capitalismo, vítima de suas próprias contradições. Não concordo. Fico com Walter Benjamin, que dizia: o capitalismo nunca morrerá de morte natural. Apesar das crises, o sistema encontra saídas, como encontrou na década de 1930: uns com o fascismo; outros com a 2ª Guerra Mundial.

(...) A ideia de promover mudanças necessariamente passa pelo Estado?
A questão é complicada. Evidentemente uma série de alternativas e transformações sociais são impostas, na prática, pelos movimentos, paralelamente aos Estados. (...) Portanto, não é preciso esperar por tudo. Mas há limites, pois quem predomina é o capital. Em última análise, é preciso haver um enfrentamento antissistêmico que passe pelo campo político, pelas instituições. Obviamente essas instituições precisam ser transformadas. Ainda são totalmente oligárquicas e alheias aos interesses e aspirações da sociedade. O Estado, tal como está, dificilmente pode impulsionar transformações. Assim, a revolução deve ser estar no nosso horizonte histórico, mas isso não nos impede de lutar por reivindicações concretas e imediatas no presente. (...)

Fonte: Juliana Sayuri, “Quer apostar”, O Estado de S. Paulo, Aliás, 29/12/13, p. E4-5.

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Encontro com a realeza

Eu iria escrever "encontro com um príncipe", mas ninguém ia acreditar que era um príncipe de verdade e o título não pegaria muito bem (rs). O fato é que eu estive no último dia 12/3 na recepção a dom Felipe João Paulo Afonso de Todos os Santos de Bourbon e Grécia, príncipe de Astúrias, título que recebe todo herdeiro do trono espanhol.



Ele é filho do rei Juan Carlos 1° e da rainha Sophia da Grécia. Quando virar rei, será Felipe 6°. 

Além de príncipe de Astúrias, Felipe é duque de Montblanc, conde de Cervera e senhor de Balaguer.

A recepção foi no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. A guarda de honra estava posicionada:


Dom Felipe ficou cerca de uma hora reunido com o governador Geraldo Alckmin (PSDB). Ambos falaram sobre intercâmbio de estudantes e investimentosA Espanha é o segundo maior investidor do mundo no Brasil, com forte presença nos setores bancário e de telecomunicações.


Antes de sair, o príncipe assinou o livro de visitas do palácio. Na página em que deixou seu registro constava a mensagem: "Visita a São Paulo de Sua Alteza Real, o príncipe dom Felipe de Bourbon y Grécia. Palácio dos Bandeirantes, 12 de março de 2014".


 

Em tempo: pedras da decoração de gesso do hall principal do palácio caíram cerca de um minuto antes da passagem do príncipe ("quase caiu na cabeça dele", exclamou um funcionário do cerimonial do governo; a equipe de limpeza correu varrer as pedras enquanto um policial pedia ao funcionário que falasse baixo "porque a imprensa poderia ouvir...").