Sem querer, a cerveja – ela mesma! – virou símbolo de
corrupção.
Não está entendendo?
Eu explico: tudo começou durante um bate-papo de um
candidato a prefeito com estudantes numa faculdade de Limeira. Um jovem pediu a
palavra e perguntou ao candidato qual era, afinal, a fonte de financiamento das
campanhas. Para justificar a pergunta, o estudante comentou que havia candidato
oferecendo cerveja de graça para os eleitores. E emendou: “É, uma cervejinha
até vai bem, mas...”.
Na resposta, o candidato explicou que são diversas as fontes
de recursos para custear uma campanha eleitoral. Via de regra doações do
partido, de empresas e pessoas físicas, além de dinheiro do próprio candidato
eventualmente.
Entretanto, a resposta não parou aí. Ao defender o voto facultativo
e o financiamento público das campanhas, o candidato lembrou que reside
justamente nas doações (muitas delas ilegais, “caixa dois”) de campanha a raiz
de grande parte da corrupção que se vê Brasil afora. A lógica é simples: quem
financia hoje vai cobrar a conta amanhã.
E quem paga a conta? Não, não é o candidato. É, em última
análise, o cidadão. Isto porque a retribuição pela ajuda na campanha costuma
partir do superfaturamento de obras e serviços – feitos em geral por meio de
aditivos contratuais. A construção de uma escola, por exemplo, que deveria
custar R$ 2 milhões, sai por R$ 4 milhões. A diferença vai para o bolso do
doador (e via de regra também do político).
Como é dinheiro público, dos impostos pagos pelo
contribuinte, o financiamento da campanha acaba custando caro para o próprio
cidadão.
Após a explicação, o estudante chegou à conclusão óbvia:
- Então, no fim das
contas, sou eu mesmo que estou pagando a cerveja!
O comentário provocou risadas do público que acompanhava o
evento. Aproveitando a deixa, o candidato emendou, de forma oportuna:
- E é a cerveja mais cara que você já tomou!
Leia também:
* Para acompanhar a prestação de contas - com doações e
despesas - dos candidatos à Prefeitura de Limeira, veja o blog “Limeira 2012” ou acesse diretamente
aqui e aqui.
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