A CNN surgiu em 1980 por iniciativa de um visionário.
Afinal, foi o primeiro canal de notícias 24 horas dos Estados Unidos. Hoje, a
emissora – pertencente ao grupo Time Warner – possui uma série de braços, como
a versão espanhola, a internacional, a popular (HLN), estando presente também em
outras mídias, como Internet e rádio.
Tive a oportunidade – graças à conquista do amigo jornalista
Carlos Giannoni de Araujo, vencedor do 7º concurso de jornalismo para
universitários da CNN, e à gentileza de Sabrina Yamamoto, relações públicas da
Turner no Brasil – de conhecer a sede da emissora em Atlanta (EUA).
Como já registrei numa postagem anterior, a CNN é uma
televisão – óbvio. Quero dizer com isso que, para um jornalista familiarizado
com o meio, não há novidade no modo de fazer. Outros aspectos da visita
chamaram minha atenção.
Inicialmente, a divisão das operações editoriais entre os
diversos braços da companhia e, ao mesmo tempo, a união editorial em torno de
uma grande reunião de pautas diária e graças ao trabalho do CNN Wire. Tudo
funcionando de modo sincronizado graças à organização, planejamento e
profissionalismo.
Outro aspecto relevante envolve o que costumo chamar de
iniciativa. Quando surgiu, há mais de 30 anos, a CNN era uma novidade. Com o passar
do tempo, deixou de ser. Como, então, diferenciar-se num mundo cada vez mais
competitivo, principalmente diante da concorrência da mídia digital? As
respostas são diversificando-se e investindo em produtos inéditos e de
qualidade.
Assim, merece destaque o núcleo de projetos especiais (o
nome oficial não é este, mas o objetivo do trabalho sim). Coordenado na ocasião pela jornalista Sara Yeglin, ele tem como foco
planejar e executar coberturas especiais, sejam eventos programados (como a
Copa do Mundo), pautas próprias (um especial qualquer) ou coberturas
inesperadas (como uma catástrofe natural).
É fruto desse núcleo, por exemplo, o “Freedom Project” –
série de reportagens que revelam e denunciam formas de trabalho escravo pelo
mundo em pleno século 21. É um dos produtos jornalísticos mais relevantes a que
assisti nos últimos tempos.
Iniciativas assim é que dão um tempero próprio, um
diferencial para uma empresa.
Quando lá estive, em abril último, estava em curso o projeto
“Voto Latino”. Questionei se ele dizia respeito a eleições na América Latina
(como na Venezuela) ou à importância dos latinos na eleição para a presidência
dos EUA, em novembro próximo. A segunda opção foi a resposta. Ou seja: oito
meses antes a rede já estava organizada, na verdade executando, uma cobertura
especial e diferenciada.
Mais uma vez, planejamento, organização e profissionalismo
em vigor – com a dose necessária de investimento.
A CNN, naturalmente, utiliza material de diversas agências
de notícias espalhadas pelo mundo. É, também, uma geradora de material para
diversas emissoras ao redor do globo. E é uma importante fonte de notícias para
os norte-americanos e para o público mundial. Sendo assim, é preciso dar às
coberturas o olhar próprio e isto só se consegue tendo profissionais nos
diversos lugares.
Estas talvez sejam algumas lições (ou exemplos) que ajudaram
a tornar a CNN uma das líderes mundiais em notícias. Cada
qual, em seu nível (local, nacional ou internacional) é capaz de adotar
iniciativas semelhantes se quiser crescer e se destacar. Basta lembrar do
tripé: planejamento, organização e profissionalismo. E não esquecer que isto
exige INVESTIMENTO – humano e técnico.
* As fotos são minhas e do Carlos; os vídeos foram feitos pelo Carlos
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