Hoje, 29 de
setembro, o Brasil relembra os 20 anos de um dos episódios mais marcantes e
sintomáticos de sua história contemporânea: nessa data, em 1992, o Congresso
Nacional aprovava – sob forte pressão da sociedade – o impeachment do então
presidente Fernando Collor de Melo.
Pela
primeira vez na história do país um presidente da República sofria um processo
de impedimento, que resultaria na sua renúncia/cassação pelo Parlamento (Collor
renunciou momentos antes de perder o mandato).
O ano de
1992, porém, não foi marcado só pelo impeachment. Dias depois, mais
precisamente em 2 de outubro, o país acompanhou um dos episódios mais crueis –
e polêmicos - da área de segurança: o massacre do Carandiru (a invasão do então
presídio pela Polícia Militar, causando a morte de 111 detentos).
Os dois
episódios - que ocorreram numa mesma semana no já longínquo 1992 - são
exemplares do que o Brasil virou após duas décadas.
Na política,
apesar de todos os problemas que o país enfrenta, não há dúvida que a
democracia avançou. Um país que saiu de 21 anos de regime militar, fez a
Constituição da chamada Nova República em 1988 e foi capaz de afastar um
presidente poucos anos depois merece ser elogiado.
Hoje,
assistimos ao julgamento do chamado “mensalão” pelo STF (Supremo Tribunal
Federal) e vemos os ministros condenando figurões da República sem dó. Pode
parecer pouco num mar de impunidade que graça pelo país, mas é um alento.
Ao mesmo
tempo, é preciso questionar: 20 anos depois, onde foi parar a capacidade de
mobilização da juventude tal como se viu com o movimento dos cara-pintadas?
De um
episódio para outro, é estarrecedor constatar que, após duas décadas, os
acusados pelo massacre do Carandiru sequer foram julgados. É um claro sinal de
que a Justiça precisa se modernizar, superar arcaísmos muitas vezes aviltantes.
É o mais claro sinal da impunidade – porque, como diz o ditado, a Justiça que
não é célere não é justa.
Impeachment e massacre, duas facetas de um mesmo país, de
uma mesma sociedade, marcados ambos (país e sociedade) pela ampla desigualdade,
revelada em episódios de ontem e de hoje.
O que são 20 anos, afinal, para o Brasil?
Temos muito o que avançar. Que a história nos sirva de
lição!
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