Então Lula sabia do
“mensalão” desde sempre (e não somente após o suposto alerta do então deputado
Roberto Jefferson, do PTB-SP)?
Então o ex-presidente era
“líder do esquema”, como teria revelado a amigos o publicitário Marcos Valério,
já condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento em andamento do
chamado “mensalão”, segundo reportagem da revista “Veja”?
Independentemente destas
respostas, acredito que o PT deve um mea-culpa à nação. Para expressar meu
pensamento, reproduzo trecho da coluna do jornalista Carlos Heitor Cony, "O PT e suas entranhas", publicada na “Folha de S. Paulo” de domingo (16/9):
“Não tenho nada contra o PT
nem contra qualquer outro partido. Tinha até mesmo alguma simpatia pela imagem
que ele criara, pelas intenções e posições que tomava, sob a liderança de um
homem excepcional como Lula. No entanto é com certo pesar que vejo a sua lenta,
mas progressiva deterioração política e moral - que, de alguma forma, afetará o
seu patrimônio eleitoral.
Não há dúvida de que o
partido ficou seriamente comprometido com o mensalão. Independentemente da
decisão final do Supremo, suas entranhas ficaram escancaradas, revelando que em
nada se difere dos demais partidos.
Como se não bastassem os
recursos ilícitos que empregava para se manter e ajudar seus aliados, dona
Dilma deu agora mais uma demonstração de que o PT se utiliza do poder para
obter vantagens que, embora lícitas do ponto de vista administrativo, resvalam
no mais escrachado fisiologismo.”
Incrível é constatar que
petistas que até ontem espinafravam os que recorriam a práticas
não-republicanas para conquistar o poder defenderem hoje tais práticas (ainda
que não ilegais, porém imorais, como a aliança com os ex-presidentes e agora
senadores José Sarney, do PMDB-AL, e Fernando Collor de Melo, do PTB-AL).
De um culto membro do PT
limeirense, ouvi recentemente algo do tipo: “se o partido não apoiasse Sarney,
a Dilma (Rousseff) não teria sido eleita”.
Então vale tudo pelo poder?
“O objetivo de qualquer
partido é conquistar o poder”, respondeu.
Por trás deste pensamento
está o princípio de que, no caso do PT, o “vale-tudo” se justifica porque a
ideologia do partido seria a melhor, a mais justa e visaria melhorar a vida do
cidadão.
Ora, não é o mesmo princípio
que os partidos e governos extremistas – de esquerda e de direita – adotaram ao
longo da história?
Então porque o PSDB fez uso
antes do tal esquema do “mensalão” em Minas Gerais, os demais partidos (PT
incluído) têm direito de adotar a mesma prática (ainda mais se for por uma “boa
causa”)?
Ah, Maquiavel...
Em tempo: esta postagem terá continuação,
pois já programei uma entrevista com o colega petista.
PS: para quem, como eu, achou um tanto estranha a denúncia publicada pela “Veja”, há um indício de veracidade na
postagem “A quarta cópia”, escrita pelo jornalista Ricardo Noblat em seu blog
nesta segunda-feira (17/9).
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