Estamos vivendo tempos de uma ética utilitarista. Ou, melhor
dizendo, da deturpação dos princípios utilitaristas. Do eudemonismo natural
para uma moral egoísta. Isto se revela em dois tipos de atitudes: 1) a
avaliação do que é bom ou mau (ou, dito de outra forma, do que vale a pena ou
não) com base nas consequências que algum ato possa trazer para o indivíduo; e
2) a consideração do que vale a pena ou não com base numa suposta superioridade
ideológica em relação a outras correntes de pensamento.
O resultado desse tipo de comportamento é que agimos ou nos
omitimos pensando unicamente no(s) efeito(s) que tal ação ou omissão pode nos
causar como indivíduos ou à nossa causa (neste período eleitoral este tipo de
situação fica evidente). Traduzindo em exemplo: não importa se determinada
pessoa possa ter cometido uma irregularidade; se denunciar irá trazer
benefícios, faça-se; se não trouxer benefícios, omite-se. E a suposta
irregularidade? Ora, ora...
Em suma, o indivíduo aceita as irregularidades desde que estas
não o prejudiquem ou ainda desde que a omissão de não denunciá-las o beneficie.
E o processo que pode estar sendo deturpado pelas tais irregularidades? E
outros que podem estar sendo prejudicados? “Laissez faire, laissez passer” (atenção:
considere a expressão meramente por sua tradução e não por seu significado na
teoria econômica liberal).
Se questionada, a pessoa que aplica a ética utilitarista (deturpada)
dirá que está seguindo a moral eudemonista. Falará isso com base na crença de
que suas verdades são “a verdade”.
Eis, pois, uma das minhas mais recentes inquietações – levada
a cabo por uma pergunta de um militante político: “Entre a orientação
partidária em favor de um projeto em prol da coletividade e as suas convicções,
você fica com qual?”
Mais uma vez, fico tentado a recorrer a Quincas Borba: “Ao
vencedor, as batatas!”
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