O que realmente temo é o
tempo. (...) Ele é o verdadeiro demônio: fustiga-nos quando preferíamos ficar à
toa, levando o presente a passar a toda velocidade, impossível de ser contido,
e quando se vê, tudo se torna passado, um passado que não se aquieta, que flui,
formando histórias espúrias. Meu passado... não parece nem um pouco real. A
pessoa que o vivenciou não fui eu. É como se o meu eu atual estivesse sempre se
dissolvendo. Tem aquela frase de Heráclito: “Ninguém se banha duas vezes no
mesmo rio, pois as águas já não são as mesmas, nem a pessoa”. Está certíssima.
Gostamos dessa ilusão de continuidade e a chamamos de lembrança. O que explica,
talvez, por que nosso maior temor não é o fim da vida, mas o fim das
lembranças.
Gerda Erzberger, personagem
de “Os imperfeccionistas”, livro de Tom Rachman (altamente recomendável,
principalmente para jornalistas)
domingo, 16 de setembro de 2012 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 22:15 |
Reflexão
Marcadores: comportamento, literatura, reflexão, tempo, Tom Rachman, vida
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