Cresceu 40% a presença de computadores com acesso à Internet
nos lares brasileiros entre 2009 e 2011. Bem mais do que o crescimento dos
televisores (6%). Quase a metade dos pré-adolescentes e adolescentes (de
Os números em si não trazem nenhuma surpresa. E é aí que
reside a questão. Com a expansão da classe média, o Brasil aos poucos vai se
aproximando da realidade dos países desenvolvidos, onde os equipamentos
portáteis ganham espaço como principal fonte de informação. Esta é a tendência
nos Estados Unidos, por exemplo, conforme ouvi de um diretor da CNN em abril.
Para a imprensa, esta rápida mudança traz sérias
conseqüências. A influência da televisão, medida pelo chamado “share” (a
quantidade de aparelhos ligados) está caindo. A juventude em geral prefere se
informar e se divertir pela Internet. Jornais e revistas também já sentem os
efeitos dos “novos tempos”.
Esta transição do modo antigo para algo que ainda é um
mistério desperta tensões e atenções há pelo menos uma década. A receita para o
futuro é incerta – ouvi isto numa palestra com os jornalistas Lourival
Sant´Anna e Álvaro Pereira Júnior num seminário da Abraji (Associação
Brasileiro de Jornalismo Investigativo) em 2007. Ambos disseram algo do tipo:
“ninguém sabe ao certo para onde isto vai, só sabemos que precisamos estar lá
(na Internet)”.
Há três meses, iniciei com o jornalista Carlos Giannoni de
Araujo uma experiência inédita para mim: fazer jornalismo exclusivamente para a
Internet. Montamos despretensiosamente um blog – o “Limeira 2012” – para acompanhar as eleições
municipais.
Ainda é cedo para uma avaliação mais profunda, o que
pretendo fazer após a eleição. Já posso adiantar, porém, que do ponto de vista
do trabalho, com todas as restrições que encontramos (de tempo e recursos, por
exemplo), a experiência tem se revelado interessante e enriquecedora. Naturalmente,
a repercussão ainda é restrita (estamos falando de um trabalho diferente que
mal fez três meses), mas a audiência não é a preocupação prioritária do
projeto. Queremos mesmo testar o formato.
Como profissional da comunicação, nunca aderi ao ramo dos
apocalípticos (no sentido introduzido pela Escola de Frankfurt). Tampouco sou
militante dos integrados. Acredito que a forma de se comunicar sofrerá (ou
melhor, já vem sofrendo) uma revolução. A revolução digital em suas mais
variadas versões (já houve a 2.0 e agora já se fala em 3.0).
A comunicação, porém, vai resistir.
Sempre haverá boas histórias para serem contadas. Sempre
haverá gente disposta a ouvi-las (ou lê-las). O desafio que se apresenta, portanto,
é encontrar a melhor e mais eficiente forma de contar estas histórias.
Concluir isto é óbvio, eu sei. Mais que isso seria
futurologia. Se ela não é uma ciência exata, também não pode ser desprezada.
Tentar adivinhar o futuro gera debates e é a partir delas que se encontra um
possível caminho.
A discussão está lançada. Você se arrisca a prever o futuro
da mídia?
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