Lamento informar, mas ao menos em Limeira não há nada que
indique – a depender das propostas dos candidatos a prefeito – que a violência
vá diminuir nos próximos anos. Os candidatos têm focado o plano para a área em
dois pilares: reestruturação da Guarda Civil Municipal (com aumento do efetivo
e reaparelhamento) e investimento em sistemas de monitoramento.
Há quase um mantra nesse sentido.
Não resta dúvida de que quanto mais recursos as forças de
segurança tiverem, melhor – e com maior eficiência - será a atuação delas.
Contudo, aumentar o efetivo e estruturar a GCM e as polícias
estão longe de resolver os problemas da criminalidade, como indicam
especialistas. “A
locação de pessoal no asfalto é a única alternativa possível para o
policiamento nos dias de hoje?”, escreve na “Folha de S. Paulo” o sociólogo
José dos Reis Santos Filho, coordenador do Núcleo de Estudos sobre Situações de Violência
e Políticas Alternativas da Unesp.
A raiz da violência vai além do reduzido efetivo nas ruas. O
que se vê hoje em todo o país é reflexo da perda de valores e referências por
parte de crianças e jovens e é isto que deve ser atacado.
Como, então, fazer isso? Da parte que cabe ao Poder Público,
não resta outra alternativa senão investir maciçamente em educação – de modo
amplo, não apenas melhorando a estrutura das escolas e os salários dos
professores. É preciso tornar as escolas atrativas para uma faixa etária cada
vez mais ligada às tecnologias em geral.
Isto, porém, terá efeito a médio e longo prazos.
A curto prazo, é impossível tratar de segurança pública sem
considerar o que está por trás da maioria das ocorrências: o uso de drogas.
Neste sentido, as propostas dos candidatos à Prefeitura de Limeira também
deixam a desejar. Falam genericamente em aumentar a oferta de vagas em clínicas
de recuperação e fazer campanhas educativas - algo, por exemplo, que a Polícia
Militar realiza há anos por meio do Proerd (o Programa Educacional de
Resistência às Drogas e à Violência).
No que diz respeito ao combate ao tráfico de drogas, há da
parte dos candidatos uma ideia simples, porém importante: reforçar a iluminação
pública e revitalizar as regiões degradadas. É fato que áreas verdes atingidas
pelo vandalismo, com mato alto e sujeira, e pontos escuros na cidade servem de
atrativo para os criminosos, notadamente traficantes e usuários.
O Poder Público precisa fazer-se presente – e aqui cabe
copiar parte da política de Tolerância Zero que tanto sucesso fez em Nova York (EUA). Ou
seja: se alguma nova estrutura pública for destruída, um banco que seja, é
preciso ser reposta de imediato. Quantas vezes for necessário. O mesmo vale
para a iluminação pública.
Há ainda outro fator essencial, apontado pelo sociólogo no
mesmo artigo para a “Folha”: “o distanciamento enorme entre população e polícia. De fato,
tornou-se bagatela falar em participação popular. E isso poderia fazer toda
diferença”.
Pelo menos um candidato chega a tocar no assunto, mas não
explica como pretende melhorar o diálogo comunidade-polícia.
Vê-se, portanto, que as iniciativas propostas pelos
candidatos são muito mais tímidas do que o assunto exige. Embora a Constituição
estabeleça que segurança é um dever do Estado, não se pode mais ignorar a
importância e a necessidade dos municípios atuarem. A depender do próximo
prefeito de Limeira, nada de inovador há de surgir.
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