quinta-feira, 17 de maio de 2012 | |

Uma visita à CNN (3)

Kurt Muller é editor executivo da CNN Wire – uma divisão da CNN que tem foco no que pode-se chamar de controle editorial. A iniciativa surgiu após a constatação de que havia conflitos de informação entre o que as diversas unidades da emissora (internacional, doméstica, espanhol, internet, etc) divulgavam. Era um problema de apuração: o correspondente informava um dado/fato, a agência de notícias outro e o público ficava “vendido”. Agora, todos os dados/fatos passam pela CNN Wire e a informação é divulgada de modo uniforme.



Diante desta nova estrutura, quais os riscos de uma informação ser divulgada errada ou de modo conflitante? Segundo Muller, três situações podem resultar em erros: 1) problemas técnicos (neste caso, basta pedir para algum especialista solucioná-lo); 2) falha de comunicação (neste caso, basta identificar a origem do “ruído” comunicacional e resolvê-lo); e 3) não ter segurança sobre a informação apurada (neste caso, o editor fica sem alternativa a não ser fazer nova apuração).

Muller é oriundo da imprensa escrita. Trocou-a pela TV porque encontrava uma certa “limitação para contar histórias”, como disse durante encontro na CNN em Atlanta (EUA). Na emissora, ele tem grande responsabilidade. É um dos únicos quatro profissionais com poder para liberar a divulgação de uma notícia - por exemplo, a confirmação da morte do terrorista saudita Osama Bin Laden.

Questionado sobre o futuro da imprensa, Muller afirmou com convicção que isto passa pelas ferramentas móveis, como tablets e celulares. Por isso, a CNN dedica grande esforço para manter sites e aplicativos - nos Estados Unidos, onde a presença dos “mobiles” é muito maior que no Brasil e a oferta de banda larga é disparadamente melhor e mais barata, qualquer cidadão tem um telefone com acesso à Internet. Não é à toa que a circulação dos jornais vem caindo ano a ano. Até a audiência das TVs sente o reflexo do crescimento das ferramentas móveis.

Brandon Miller é o “homem do tempo” na CNN. Não o que aparece nas câmeras: é o produtor da área de clima (editor na verdade) e meteorologista sênior. Participa, inclusive, da reunião geral diária da emissora.


Nos EUA, a seção climática tem grande importância. Segundo Miller, há dois públicos para atender. Um é dos turistas (do exterior e de dentro do país) que buscam saber quais as condições do tempo no local de destino (não custa lembrar que os EUA têm, tal como o Brasil, dimensões continentais, o que faz o clima variar muito de um lugar a outro). Esta é a previsão básica.

O outro público busca se informar sobre os efeitos do clima no cotidiano - ou seja, como um furacão, uma nevasca ou uma onda de calor vão afetar o tráfego, o fornecimento de água e energia, os negócios, os preços de insumos e dos alimentos, por exemplo. Para esta tarefa, a equipe do tempo busca, mais do que fazer previsões, contar histórias. E elas podem ser inclusive enviadas pelos telespectadores em todo o mundo (via iReport, projeto da CNN semelhante aos que no Brasil ganharam nomes como “Você é o repórter”).

A editoria de clima utiliza computadores e programas específicos que fornecem as condições do clima em todo o planeta. O sistema, em tempo real, é alimentado 24 horas e fica disponível para os jornalistas. Basta selecionar uma cidade e buscar as informações.

A previsão básica, com as mínimas e máximas ao redor do globo, são informadas em telas específicas durante a programação. Nas entradas ao vivo, os apresentadores do tempo buscam esmiuçar os fatos e relatar as histórias e impactos do clima na vida das pessoas.

Para quem não conhece uma televisão, esse tipo de serviço é feito num sistema chamado “chroma key”, como mostra o vídeo abaixo, feito na CNN.


PS: para ler as demais postagens sobre a visita à CNN, clique aqui e aqui.

* O vídeo foi gravado por Carlos Giannoni de Araujo

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