Nasrudin viu um homem sentado
na beira de uma estrada, com ar de completa desolação.
“O que o preocupa?”, quis
saber.
“Meu irmão, não existe nada interessante na minha vida. Eu tenho dinheiro suficiente para não precisar trabalhar, e estava viajando para ver se havia alguma coisa curiosa no mundo. Entretanto, todas as pessoas que encontrei nada têm de novo para me dizer e só conseguem aumentar meu tédio.”
Na mesma hora, Nasrudin agarrou a mala do homem, e saiu correndo pela estrada. Como conhecia a região, rapidamente conseguiu distanciar-se dele, pegando atalhos pelos campos e colinas.
Quando se distanciou bastante, colocou de novo a mala no meio da estrada por onde o viajante iria passar, e escondeu-se por detrás de uma rocha. Meia hora depois o homem apareceu, sentindo-se mais miserável que nunca por causa do ladrão que encontrara.
Assim que viu a mala, correu até ela e abriu-a, ofegante. Ao ver que seu conteúdo estava intacto, olhou para o céu cheio de alegria e agradeceu ao Senhor pela vida.
“Certas pessoas só entendem o sabor da felicidade quando conseguem perdê-la”, pensou Nasrudin, olhando a cena.
Fonte: blog do Paulo Coelho, postado em 4/5/12.
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