A búlgara Ralitsa Vassileva trabalha como âncora da CNN
Internacional há 20 anos. Carrega na bagagem a experiência de quem atuou como
jornalista num momento crucial da história de seu país: a queda do comunismo.
Séria e um tanto contida, ela conversou conosco durante o 7º Brazil Contest
Journalism Visit to CNN Atlanta. Falou de seu trabalho e do desafio de
apresentar os fatos sem emitir a opinião pessoal.
Shasta Darlington é a atual correspondente da CNN no
recém-montado escritório brasileiro, em São Paulo. Via radioconferência, ela relatou
sobre o cotidiano de seu trabalho no Brasil e afirmou que o grande desafio é
ter mais controle sobre a própria cobertura. O foco neste momento, diz a
jornalista, é a economia – além, é claro, dos preparativos do país para a Copa
do Mundo e as Olimpíadas.
Para Shasta, há um certo denuncismo na imprensa brasileira,
o que a faz, como correspondente estrangeira, aguardar um pouco o desenrolar
dos acontecimentos para saber o que de fato será relevante ou o que se perderá
no mar de denúncias.
A jornalista já havia trabalhado como correspondente no
Brasil entre 1997 e 2001, para uma outra emissora. Na volta ao país, afirmou
ter constatado um otimismo maior das pessoas em relação ao futuro. Também citou
que o país está “funcionando melhor”, principalmente o Rio de Janeiro.
O australiano Michael Holmes é um premiado âncora e
correspondente da CNN Internacional. Está na emissora desde 1996. Seu currículo
é recheado de trabalhos de destaque: esteve recentemente na Líbia cobrindo o
avanço da forças rebeldes (que resultou na derrubada e morte do ditador Muamar
Kadafi) e tem larga experiência na cobertura de guerras, como a do Afeganistão
e Iraque.
Vem daí, aliás, o episódio mais marcante de sua carreira.
Foi em 2002, quando sua equipe se dirigia para Bagdá. O comboio foi atacado por
soldados iraquianos. O tradutor e um dos motoristas morreram; o câmera foi
atingido na cabeça, mas sobreviveu. Não é fácil, admite Holmes, ver colegas de
trabalho morrerem ao seu lado. Ele destacou, porém, que não escolhe as
coberturas de que participa: é designado para as missões e as cumpre.
Naturalmente, explicou o jornalista, há um rigoroso curso de
preparação para a cobertura de guerras. Só depois disso é que o profissional
pode ir a campo. O tempo que ele fica numa cobertura desse tipo varia de um a
dois meses.
Jim Clancy também é correspondente de guerra. Esteve em
momentos cruciais da história contemporânea, como a queda do Muro de Berlim, o
genocídio em Ruanda e o cerco a Beirute, além das guerras no Iraque. Sobre a última
delas, detonada pelo governo George W. Bush, o jornalista apresenta uma visão crítica
em relação ao trabalho da imprensa norte-americana. Sem meias palavras, admite:
“nós erramos”.
Ele se refere ao fato do jornalismo norte-americano ter “comprado”
praticamente sem questionamentos a versão da Casa Branca para justificar a
guerra: a de que o governo iraquiano do ditador Saddam Hussein produzia armas
de destruição em massa (estas armas nunca foram encontradas e o governo Bush admitiu
posteriormente que não tinha informações seguras a respeito).
Na CNN desde 1981, Clancy – que atualmente comanda o semanal
“The Brief” - mostra-se crítico não só em relação à cobertura da guerra do
Iraque, mas também quanto à posição (para muitos arrogante) dos EUA no mundo. “Será
que os EUA têm mesmo que levar a democracia para outros países? Será que este é
mesmo nosso dever?”, questionou.
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