O Rio de Janeiro virou um
verdadeiro canteiro de obras. Novas linhas de metrô, despoluição de lagos e
outras fontes de água, construção de corredores de ônibus (o Transoeste estreia
amanhã, em fase experimental; o Transcarioca ainda vai exigir mais algum
tempo). As melhorias têm como foco a realização da Copa do Mundo de 2014 e as
Olimpíadas de 2016.
Sempre que uma cidade é
escolhida como sede dos Jogos Olímpicos, surge a questão do legado a ser
deixado para a comunidade. O exemplo típico, fartamente citado, é Barcelona
(que sediou os jogos em 1992). No Rio, pelo pouco que vi, não será preciso se
preocupar com o tal legado. As obras em execução, afinal, ficarão para a comunidade
e vão atingir diretamente – de modo benéfico – a vida do carioca.
Além das obras públicas, o Rio vem recebendo investimentos bilionários, que têm remodelado a cidade (ou parte dela, a mais nobre). A Barra da Tijuca mais parece Miami (EUA). Prédios e shopping centers estão sendo erguidos e tantos outros foram abertos nos últimos tempos.
Aliás, não vejo diferença alguma entre o Rio (a parte rica) e Miami. O oceano que banha as duas cidades é o mesmo. As cores, o clima, está tudo lá, em uma e outra. Só a língua muda. Bem, há uma outra diferença significativa: o custo de vida me pareceu bem maior na capital fluminense...
Obras à parte, o fato é que, tal como cantou Gilberto Gil, “o Rio de Janeiro continua lindo” (ainda que Chacrinha não esteja mais lá “balançando a pança e buzinando a moça e comandando a massa”). Mais belo do que antes, tão encantador quanto sempre. E com um toque diferente que só o carioca sabe dar. Um jeito meio malemolente de ser, que só combina com o Rio.
Poucos grupos conseguem representar tão bem como os cariocas o que é o tal “jeitinho brasileiro” – um modo de agir que muitas vezes irrita porque implica em levar vantagem sobre outros, mas que no Rio ganha uma versão própria, singular. Lá, o tal “jeitinho” ganha um outro apelido: “carioquês”.
Quer um exemplo? O “carioquês” é tão enraizado que, com a estreia do BRT (o nome oficial do Ligeirão, o novo sistema do transporte público), uma das dúvidas é saber se os usuários irão se adaptar às paradas específicas do ônibus nos corredores. Afinal, hoje prevalece a bagunça institucionalizada de forçar o veículo a parar onde o passageiro quiser.
Tudo isto reforçou a sensação de que o Brasil é mesmo dividido em dois. Da parte sul de Minas (ou seja, de Belo Horizonte para baixo) até o Chuí, existe um país; do norte de Minas ao Oiapoque, há outro. São dois modos de encarar a vida, nem melhor que um nem pior que outro, apenas diferentes.
Seja como for, o Rio de Janeiro ainda encanta – e, creio eu, sempre encantará. Com suas virtudes e seus defeitos. Então, “aquele abraço”!
PS: não poderia escrever esta
postagem sem deixar de registrar meus sinceros agradecimentos pela acolhida à “tia”
Sônia, à Sofia e ao Roberto (bom, ao Alan também).
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