Já registrei neste blog, mas vou reiterar: participei (como
intruso) do 7º Brazil Journalism Contest Visit to CNN Atlanta. Traduzindo: uma
visita de três dias à matriz de uma das principais redes de notícias do mundo.
Foi o prêmio dado ao então estudante e agora jornalista Carlos Giannoni de
Araújo como vencedor do 7º Concurso de Telejornalismo da CNN Brasil.
Eu conhecia a CNN como turista, o que significa uma passada
pelos estúdios e o acesso a informações básicas institucionais. Dessa vez,
porém, pudemos – Carlos, o professor José Luiz Pinotti e eu – visitar as
“entranhas” da emissora e conversar com seus profissionais.
Profissionalmente, posso dizer que a CNN é uma TV (sim, isto
é óbvio). Quero dizer que para nós, jornalistas, saber como é feita a previsão
do tempo no “chroma key”, por exemplo, não é novidade. Da mesma forma não é
novidade constatar que a emissora utiliza equipamentos de última geração.
Portanto, o que teve mais valia para mim foram mesmo os
contatos. Compartilhar ideias, ouvir histórias de jornalistas com experiência
internacional, saber as tendências do jornalismo mundial (os EUA estão à nossa
frente no uso de novas tecnologias e das mídias sociais) foram de grande
importância.
(PS: antes de seguir, quero registrar mais uma vez meu
agradecimento à gentileza de Sabrina Yamamoto, gerente de relações públicas da
Turner International do Brasil; ao Pinotti, que permitiu minha presença junto
do grupo; e ao Carlos, que afinal ganhou o concurso.)
Não, a CNN não faz nada tão diferente tecnicamente do que se
faz no Brasil (talvez tenha um ou outro equipamento mais avançado em uma ou
outra área). Também não é maior do que a TV Globo, por exemplo. Naturalmente, o
estilo do jornalismo norte-americano é um tanto diferente do executado no
Brasil – e observar estas diferenças foi bastante interessante.
Um dos jornalistas, o argentino Guillermo Arduino, por
exemplo, explicou que há diferenças cruciais no modo como se conta uma história
na CNN USA (a “domestic”) e na CÑN (em espanhol). O público latino é mais
sentimental e a notícia exige um tom mais emotivo, disse.
Ele destacou o multiculturalismo da CNN (para abranger um
público internacional, seja dentro ou fora dos EUA, é preciso ter rostos e
sotaques familiares a este público). Salientou a importância da emissora e a responsabilidade
de carregar sua marca – a “CNN is to big”. Também comentou sobre o “conflito”
entre o que se deve fazer e o que se pode fazer e sobre o peso do patriotismo
no noticiário norte-americano.
Arduino elencou ainda os elementos para uma boa história: 1)
é preciso ser interessante e atrativa; 2) ter imagens excelentes; e 3) ser
muito bem contada, com todos os elementos (texto, entrevistas, etc).
O mexicano Rafael Romo é editor sênior da CNN Worldwide para
a América Latina. Quando nos encontramos com ele, tinha acabado de chegar do
México, onde foi cobrir a visita do papa Bento 16. Mostrou todo o equipamento
que usa em suas coberturas (uma pequena câmera digital, microfone direcional se
for preciso, etc). Carrega tudo numa mala, vai muitas vezes sozinho, filma,
edita, escreve... O jornalista do presente tem que saber fazer tudo, do
contrário não sobreviverá, ressaltou.
Romo contou que todos os textos, de qualquer jornalista da
CNN em qualquer lugar do mundo, são submetidos aos editores antes de serem
gravados pelos repórteres. Pode haver eventuais mudanças, bem como a discussão
do foco com os editores. Não há imposições e sim diálogo, garantiu.
Para ele, o essencial na reportagem é que a história flua.
“É a regra número um”, falou. Questionado por mim sobre o que lhe dava mais
prazer no trabalho, respondeu sem hesitar: “Cambiar la vida, corregir
injusticias”.
Em tempo: Romo é parte da equipe do “Freedom Projetc”, um
dos projetos mais bonitos que vi no jornalismo nos últimos tempos. Trata-se de
uma iniciativa da CNN que foca a denúncia e o combate às formas modernas de
trabalho escravo (no caso dele, a reportagem tratou do tráfico de jovens
mexicanas para fins de exploração sexual nos EUA).
O jornalista tem no currículo entrevistas com vários líderes
mundiais, como os presidentes Barack Obama e George W. Bush (EUA) e Vicente Fox
(México). Nesse sentido, destacou o desafio de “chegar ao coração do político”.
Já esteve no Brasil para cobrir os preparativos para a Copa do Mundo e
enchentes que deixaram milhares de desabrigados.
Foi na sala em
que Romo estava quando nos recebeu que vi uma interessante
frase sobre a CNN: “We are what we air. We air what we are”. É isto!
Em breve escrevo mais sobre as visitas.
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