Semana passada tive a oportunidade de conhecer a região do
Porto de Pecém, em São Gonçalo do Amarante (CE). Tinha certa expectativa pelo
lugar dada a “propaganda” que se faz dele Brasil afora como um dos grandes
projetos de desenvolvimento do país, um dos principais da região Nordeste e
talvez o principal do estado do Ceará.
Imaginava, portanto, algo grandioso (já postei neste blog e
no Piscitas – travel & fun que tudo na vida é uma questão de expectativa, a
surpresa ou decepção é proporcional ao grau de expectativa que se nutre em
relação a uma pessoa, um lugar, etc).
O Porto de Pecém surgiu ainda como projeto, ideia, em meados
da década de 1990, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Foi inaugurado
em 2002 apresentando como uma de suas principais vantagens o fato de ser um dos
portos mais próximos para exportações aos Estados Unidos e Europa.
Pois bem: durante o trajeto de cerca de 50 quilômetros entre
a capital Fortaleza e Pecém, um distrito de São Gonçalo, praticamente não vi
placas indicando o famoso porto. Elas só surgem, e com certa abundância, quando
se chega à cidade (seja o vilarejo de Pecém ou São Gonçalo propriamente). Pensei:
como pode um dos principais projetos de desenvolvimento do país ser tão mal
sinalizado?
Tampouco havia placas indicando Pecém ou São Gonçalo.
Sabe-se que é para lá porque se olha no mapa ou no GPS. Aliás, nem Cumbuco - uma
das praias mais famosas do estado - tinha seu acesso indicado na rodovia
(chegar até ela exige que se acesse a tal Lagoa do Bananal; se ninguém tivesse
me dito isto talvez eu estivesse procurando até agora...).
Há duas formas de chegar até o porto: pela rodovia CE-085
(que cruza o interior) ou pela via que margeia o litoral. Imaginei que o acesso
pela rodovia seria melhor e mais rápido. Engano: embora esteja em condições até
razoáveis, oferecendo aqui e acolá belas paisagens, a estrada possui pista
simples (um trecho chamado de anel viário está em duplicação, mas não se vê
nada mais do que uma pista de areia esperando pavimentação e uma ponte que liga
nada a lugar nenhum).
Isto exige muita paciência devido aos longos
congestionamentos de caminhões com destino ao porto. Em razão disto, tornou-se
comum o uso do acostamento (de terra e esburacado) pelos carros e eu não tive
outra alternativa também caso quisesse chegar ao destino num horário adequado.
A partir do momento que você deixa a CE-085 em direção à
praia (afinal, o porto está lá...), terá ainda que percorrer longos quilômetros.
E correrá o risco de se perder em uma ou outra estrada que surge do nada.
Apenas quando aparece uma rotatória vem a luz: uma placa. Não espere perguntar
para algum outro motorista porque nesse momento o tráfego já é quase nulo (não
sei qual trajeto os caminhões tomam porque em dado momento eles sumiram..).
Na volta, optei por seguir via litoral e reduzi o trajeto em
mais de uma hora (só não sei se seria assim o dia todo – certamente o tráfego
de caminhões por ali é reduzido porque muitos trechos são de uma avenida que
corta os bairros rumo a Fortaleza).
E o porto, afinal? Um pedacinho de estrutura num canto de
terra em meio a um mar incrivelmente esverdeado e brilhante pelos raios do sol.
Vi apenas um ou dois daqueles guindastes gigantes que movimentam os
contêineres. Uma ou duas docas, quatro berços disponíveis (posso estar enganado
nos números, não vi o projeto nem a carta náutica, estou apenas falando das
minhas impressões – para se ter uma ideia, o Porto de Paranaguá, no Paraná,
possui 28 berços).
Ou seja: o grande projeto de Pecém me pareceu um porto isolado,
pequeno, de acesso difícil (não pelas condições da estrada e sim pela falta de placas
na pista) e aparentemente com pouco movimento em comparação ao que se imagina
de um porto - para quem já conheceu o de Santos, no litoral paulista, e o de
Valparaíso, no Chile.
Em tempo: segundo o governo do Ceará, no ano passado o Porto
de Pecém movimentou 4,15 milhões de toneladas de produtos, 22% a mais do que em
2011.
2 comentários:
Um projeto grandioso! porem nao tão grandioso assim!!! porem uma aventura ir ate la hein!
Uma aventura daquelas que a gente conta um dia para os netos...
E eu só posso te dizer "obrigado"!
E, quem sabe, até a próxima (rs)!
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