Meu primeiro encontro com Lucy foi em setembro de 2009 em
Nova York, nos Estados Unidos. Ela estava lá, toda exibida e iluminada. E não era
para menos: pela primeira vez a "jovem" visitava aquele país em milhões de anos. Isto mesmo!
Para quem não sabe, Lucy era até pouco tempo o exemplar mais
antigo de hominídeo já descoberto. Sua idade: 3,2 milhões de anos. Embora esqueletos mais antigos tenham sido encontrados nos últimos tempos, Lucy continua sendo a mais
famosa. Ela foi achada em 1974 num deserto da Etiópia, na África. Trata-se de
uma espécime do Australopithecus afarensis, um ancestral do Homo sapiens.
Quando a vi, Lucy era destaque de uma exposição no recém-aberto
Discovery Times Square Exposition, um museu diferenciado que leva a
chancela – como o nome indica – do Discovery Channel. Ela ficou em NY entre 24
de junho e 25 de outubro de 2009. Na mesma época, o mesmo lugar exibia também
uma exposição sobre o Titanic.
Era a primeira vez que o famoso esqueleto deixava o Museu
Nacional da Etiópia, em Addis Abeba, para ir aos EUA. A turnê norte-americana –
chamada “Lucy´s Legacy: the hidden treasures of Ethiopia” ("O legado de Lucy: os tesouros escondidos da Etiópia") - durou ao todo seis
anos e gerou muita polêmica (parte dos cientistas temia que pudessem ocorrer
danos na ossada).
Lembro bem da emoção que senti ao me deparar com Lucy. Ela
estava bem à minha frente, deitada tranquilamente. Quase podia tocá-la.
Perguntei a um vigilante que guardava a sala se o esqueleto era original. Ele
respondeu positivamente. E eu tive a certeza de que parte importante da nossa
história, da aventura humana pela Terra, passava por aqueles pequenos
fragmentos de ossos (o esqueleto não está completo, provavelmente devido ao
desgaste do tempo).
Tudo isto me veio à mente dia desses quando eu assistia na
TV a um documentário sobre a evolução humana. O programa especial citava uma
série de pesquisas e descobertas feitas ao longo das últimas décadas e
levantava uma questão: há uma “lacuna” na história da evolução que a ciência ainda não
conseguiu explicar.
Em que momento, afinal, ganhamos o nível de consciência que
atingimos como seres humanos? Se temos raízes tão comuns com os macacos (ou com
os símios em geral), por que eles também não evoluíram da mesma forma? Por que,
por exemplo, “abrimos mão” (popularmente falando) dos pelos se buscamos
cobertores peludos para nos aquecer? Não seria isto uma “falha” de acordo com
os princípios da evolução?
Do ponto de vista espiritual, uma resposta para estas
perguntas pode ser encontrada no livro clássico “Os exilados da Capela”.
Naturalmente, a ciência não crê nas explicações dadas no
livro de cunho espírita (embora elas busquem amparo científico).
O fato é que a ciência ainda não respondeu à perturbadora
pergunta: em que momento e de que forma foi dado o “salto” evolutivo do hominídeo para o ser humano do ponto de vista da mente?
No aspecto físico, sabe-se que os hominídeos tinham postura quase
ereta, caminhando sobre duas pernas, daí a classificação que os coloca como
ancestrais do homem, mas e a consciência humana, que lugar ocupa na história da
evolução?
Eis uma pergunta que Lucy não foi capaz de responder.
Em tempo: tive o prazer de reencontrá-la no ano passado no
Field Museum, em Chicago (EUA). Era uma réplica, como soube depois, mas ainda
assim foi um reencontro de fortes sentimentos e emoções. Ao menos dessa vez
pude fotografá-la (as fotos eram proibidas na exposição em NY, já que se
tratava do esqueleto original).
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