Costumo brincar com os amigos dizendo que sou velho. De fato
estou a caminho – sem querer aprofundar o sentido de “velho”. Estou mais perto
da terceira idade do que da adolescência. Pronto.
Sendo velho, tenho dificuldade para entender os modismos
juvenis. Não compreendo, por exemplo, as paqueras pelo Facebook – embora eu
saiba que elas funcionem e resultem até em transas ocasionais e casamentos.
Tinha dificuldade também para entender o sentido de “pegar”.
No “meu tempo” esta expressão não existia.
De uns tempos para cá, surgiram o “ficar”, o “dar uns
amassos” e o “pegar”.
Certa vez, perguntei para dois conhecidos: o que, afinal,
significa “pegar”? Beijar? Transar? Enamorar-se?
Cada um deu sua resposta – e talvez esteja aí o segredo:
você fala que “pegou” e cada um interpreta como quiser.
Ainda assim o termo sempre me incomodou um pouco. Não sabia
bem o motivo (ou melhor, não conseguia processá-lo). Até que li uma reportagem na “Folha de S. Paulo” que traduz exatamente o que me incomoda na expressão: a vulgaridade
e a redução do papel da mulher a simples objeto.
“Muitos desses estímulos não são positivos, segundo Antonio
Carlos Egypto, psicólogo especialista em orientação sexual. Basta assistir a um
programa de humor ou a peças publicitárias para perceber que ‘a imagem da
mulher-objeto é usada de maneira escancarada’, diz ele.
‘Os adolescentes falam que vão pegar alguém. A gente só pega
objetos’, complementa (a psicóloga Rosely) Sayão.
A desvalorização da mulher é reforçada pela família e pela
escola mesmo sem saber, segundo Renata Libório: os pais valorizam o
comportamento garanhão dos meninos e a escola pensa estar prevenindo a
violência aconselhando as meninas a usar roupa larga e saia comprida.”
Como minha opinião não vale nada, os jovens continuarão
“pegando” e eu seguirei não entendendo – e não gostando do termo. Tudo bem,
afinal sou mesmo velho...
0 comentários:
Postar um comentário