O caos na segurança no Brasil nas últimas décadas – reflexo de
uma série de problemas estruturais, da péssima educação às desigualdades
acentuadas, passando por uma perda de valores por parte da sociedade e da má
gestão pública – tem tornado um tanto míope o debate a respeito do tema.
Tome-se o caso da Virada Cultural, brilhante iniciativa
feita pela Prefeitura de São Paulo e que tem também uma versão estadual. Este
ano, o número de ocorrências policiais subiu, havendo inclusive o registro de
duas mortes.
Discutiu-se quem falhou: município ou Polícia Militar. Falou-se
que o número de pms (cerca de 3,4 mil, segundo a organização, fora os agentes
municipais) era insuficiente para a dimensão do evento.
Na verdade, a pergunta deveria ser: por que precisamos de
tantos homens (cerca de cinco mil no total) para fazer a segurança de uma
atividade cultural que visa unicamente levar lazer e entretenimento grátis para
a população?
Porque vivemos numa sociedade doente.
Definitivamente, perdemos o foco da questão.
***
E o slogan do governo federal diz que “País rico é país sem
miséria”. Não! País rico é país com educação e civilidade.
Fosse assim, sequer pms seriam necessários para uma Virada
Cultural.
Quem sabe um dia...
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