sexta-feira, 3 de maio de 2013 | |

Nós e os outros

(...) Nós nos tornamos responsáveis pelo que cativamos porque é no outro que nos reconhecemos. Como que refletidos em espelhos variados, garantimos a certeza da nossa existência a partir de onde reverberamos. É a partir do outro que tomamos posse de quem somos. Do outro. E não dos outros. Um de cada vez montando o rico mosaico que compõe nossa personalidade.

Porque não existe Fulano. Existe o Fulano que se lê nos olhos de quem o recebe. Dois olhos e não milhares. Porque senão não é pessoa, é persona. Uma imagem de si que se irradia sem se alterar pela convivência, pelo recebimento, pela relação com o alheio. Um Fulano a partir de si, que mal se reconhece, mesmo com um bilhão de curtidas.

Fonte: Denise Fraga, “Megafones”, Folha de S. Paulo, Equilíbrio, 30/4/13.

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