(...) Nós nos tornamos responsáveis pelo que cativamos porque é no
outro que nos reconhecemos. Como que refletidos em espelhos variados,
garantimos a certeza da nossa existência a partir de onde reverberamos. É a
partir do outro que tomamos posse de quem somos. Do outro. E não dos outros. Um
de cada vez montando o rico mosaico que compõe nossa personalidade.
Porque não existe Fulano. Existe o Fulano que se lê nos
olhos de quem o recebe. Dois olhos e não milhares. Porque senão não é pessoa, é
persona. Uma imagem de si que se irradia sem se alterar pela convivência, pelo
recebimento, pela relação com o alheio. Um Fulano a partir de si, que mal se
reconhece, mesmo com um bilhão de curtidas.
Fonte: Denise Fraga, “Megafones”, Folha de S. Paulo,
Equilíbrio, 30/4/13.
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