Disse o costumeiramente polêmico presidente do STF (Supremo Tribunal
Federal), Joaquim Barbosa, em recente evento:
"Nós temos partidos de mentirinha. Nós não nos
identificamos com os partidos que nos representam no Congresso, a não ser em
casos excepcionais. Eu diria que o grosso dos brasileiros não vê consistência
ideológica e programática em nenhum dos partidos. E tampouco seus partidos e os
seus líderes partidários têm interesse em ter consistência programática ou
ideológica. Querem o poder pelo poder."
"Está é uma das grandes deficiências, a razão pela qual
o Congresso brasileiro se notabiliza pela sua ineficiência, pela sua
incapacidade de deliberar."
"O Congresso não foi criado para única e exclusivamente
deliberar sobre o Poder Executivo. Cabe a ele a iniciativa da lei. Temos um
órgão de representação que não exerce em sua plenitude o poder que a
Constituição lhe atribui, que é o poder de legislar."
“Hoje temos um Congresso dividido em interesses setorizados
Há uma bancada evangélica, uma do setor agrário, outra dos bancos. Mas as
pessoas não sabem isso, porque essa representatividade não é clara."
A fala gerou reações ferozes de parlamentares. Para representá-las,
escolho a manifestação do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo
Alves (PMDB-RN):
“Uma desrespeitosa declaração como essa não contribui para a
harmonia constitucional que temos o dever Supremo de observar. E, com a
responsabilidade e maturidade que tenho, não quero nem devo tencionar o
relacionamento entre os Poderes."
"O Parlamento e os partidos políticos, sustentáculos
maiores da democracia brasileira, e todos os seus integrantes, sem exceção,
legitimados pelo voto popular, continuarão a exercer o pluralismo de
pensamentos, palavras e ações em favor do Brasil mais justo e democrático.”
Pergunto: Barbosa falou algo demais? Não. Apenas externou o
que grande parte (provavelmente a maioria) dos brasileiros pensamos.
O presidente do STF pode, vez ou outra, cometer arroubos
(como quando ofendeu um repórter), mas via de regra toca acertadamente em
feridas. Como fez agora.
Aliás, basta comparar as falas de Barbosa e Alves e tirar as conclusões. Alguém de fato acha que o Parlamento tem atuado com o
espírito público que o seu presidente manifestou?
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