Em razão de minhas futuras aulas na faculdade, estou fazendo alguns estudos sobre ética. Isso tem me estimulado - até comentei hoje com um amigo sobre a importância de pararmos de vez em quando para refletir sobre a profissão. Nesse campo, e longe de querer ser acusatório ou provocativo, gostaria de reproduzir algumas indagações feitas pelo jornalista Rogério Christofoletti em seu recém-lançado livro "Ética no Jornalismo" (Editora Contexto). Aí vão elas:
- É possível fazer colunismo social sem promiscuidade com as fontes?
- O que pensar de jornalistas que combinam manchetes, após as entrevistas coletivas?
- Jornalistas dos cadernos de veículos conseguem manter independência editorial após viajar à custa de uma montadora para uma feira internacional?
- Quando o jornalista pode entrevistar parentes ou amigos?
- Como relatar casos de violência, discriminação, sequestros e suicídios sem contribuir para a estigmatização das pessoas envolvidas?
- O jornalista pode acumular funções, sendo assessor de imprensa de manhã e repórter à tarde?
- Até onde se pode ir para conseguir a manchete do dia?
Em tempo: o livro aborda um pouco a "idiotização da mídia" no caso das celebridades. Pois é isso que me parece estar ocorrendo com a cobertura sobre o atacante Ronaldo no Corinthians. Com o perdão da expressão, já encheu o saco. E não se trata de crítica barata porque sou palmeirense. Admiro o esforço de Ronaldo, mas não dá para, dia após dia, ver notícias como "Ronaldo mostra a barriga pela primeira vez", "Ronaldo entra no balde de gelo pela primeira vez no Timão", etc...
E para quem pensa que isto vem apenas da imprensa sensacionalista, engana-se. O UOL, um dos mais respeitados portais de notícia do país, trazia há pouco o seguinte destaque em sua página principal: "Ronaldo reduz o volume de cabelo com corte de R$ 15". Definitivamente não dá!
PS: gostaria muito de ver, tanto em relação a essa questão do Ronaldo como também sobre os questionamentos anteriores, a opinião do editor de Esportes do Jornal de Limeira, Cristiano Kock Vitta.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 17:40 |
Reflexões sobre a mídia (e o cabelo de Ronaldo)
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1 comentários:
O noticiário esportivo é uma faca de dois gumes. A banalidade de algumas matérias é reflexo do que se discute na mesa dos botecos e também no Congresso Nacional. E ela é necessária sob pena de forçar o leitor a consumir uma página de Esportes fria, sem vibração. Porque é próprio do esportista saltar, cair e se machucar, assim como qualquer ser humano "normal" - peço licença para a subjetividade.
Os jornais se equilibram entre o sério e o jocoso na seção de Esportes mais do que em outra porque querem vender um produto que informe e alivie a tensão ao mesmo tempo e ainda criar uma espécie de polêmica inofensiva.
A Editoria de Esportes tem salvoconduto pra falar besteiras que eu acho profilática. Não acho ruim, não. Do contrário seria reduzida à paranóia perfeccionista das outras áreas e afastaria as pessoas mais simples, cujo temperamento, assim como o meu, é voltado pro hedonismo.
Eu gosto muito de futebol. Converso sobre este assunto todos os dias. O leitor que aprecia de verdade esse negócio e acompanha religiosamente os assuntos de seu time - e que é predominante na seção de Esportes - quer saber tudo até para rir de si mesmo, do seu time. O Esporte faz este milagre: mobiliza a opinião popular sem que isso pareça uma iniciativa artificial para se obter alguma vantagem. Mexe com paixão, com sentimentos. Por isso, precisa respeitar todas as tendências. Às vezes é preciso confiar um pouco nos instintos para discernir o que fará o leitor apreciar determinada matéria. Vou lhe confessar: não gosto muito de frescura em Esportes. Curto demais matéria que disseca atleta, time e torcedor. Que apresenta sempre um aspecto diferente do mesmo objeto. E também acho superlegal os comentários sobre as vitórias e derrotas que se sucedem freneticamente no mundo do futebol. Eu gosto de gente. Logo, gosto de Esportes, que é um fio condutor de energia positiva pra quem pratica e pra quem vê.
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