A humanidade – e o ser humano, por consequência – costuma aprender com os erros. Foi assim com a bomba atômica, foi assim com o genocídio dos judeus, foi assim com a escravidão, foi assim com o absolutismo. Muitas vezes, é verdade, sequer o erro é suficiente para ensinar (a história está marcada por exemplos de erros que se repetem, como a disputa entre judeus e palestinos na Terra Santa).
Estava pensando tudo isso porque, ao assistir à série “Tudors” (aliás, uma das produções mais requintadas dos últimos tempos), deparei-me com um dos ícones do absolutismo que reinou na Europa há 500 anos. A história de Henrique VIII, da Inglaterra, é intrigante, sob todos os aspectos. Ela revela um monarca volúvel, voraz, humano e carrasco, tudo ao mesmo tempo.
Tão ou mais interessante do que isso, porém, é imaginar o poder absoluto – e, no caso de Henrique VIII, o absolutismo ganhou um ingrediente extra quando ele se declarou chefe da Igreja na Inglaterra. De fato, a humanidade precisou passar por essa experiência para descobrir quão perigosa ela é. Ousar questionar uma decisão do rei podia significar a morte. Ousar se apaixonar por uma das dezenas de mulheres que lhe interessavam era crime imperdoável. O monarca podia, de um momento para o outro (e fez isso várias vezes, com várias pessoas), levar alguém do céu ao inferno. Ana Bolena, por exemplo, passou de uma simples ama da rainha Catarina à rainha da Inglaterra e, dali três anos, era decapitada por ordem do rei.
Não, definitivamente nenhum ser humano deve ter o poder absoluto. Até porque ele dá uma grande margem para se cometer injustiças, que muitas vezes não podem mais ser consertadas.
PS: eu, por exemplo, se tivesse o poder absoluto dias atrás, teria ordenado que todos à minha volta, indistintamente, queimassem na fogueira. Eu ardia de ódio, eles arderiam no fogo. Isso aconteceu poucas horas depois de eu abandonar meu “império”...
Em tempo: a série “Tudors” revela uma faceta do ser humano bastante interessante. É perceptível como a amizade se sobrepõe às demais relações, inclusive às amorosas. No fim das contas, é sempre aos poucos amigos que Henrique VIII recorre. Eles são os verdadeiros e únicos detentores da confiança real. É o endosso de uma frase que ouvi certa vez. Ela apontava que a relação de amigos exige muito mais confiança do que qualquer outra – sendo, portanto, mais “nobre”.
domingo, 18 de janeiro de 2009 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 19:03 |
O poder absoluto
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