A origem das palavras – ou etimologia - é das coisas mais interessantes que existem, pois revela não só o caráter linguístico de uma determinada sociedade, como também sua história. Na Língua Portuguesa, temos muitas palavras de origem estrangeira, algumas delas facilmente identificáveis porque remetem a objetos e seu país de origem. É o caso de abajur – palavra e objeto oriundos da França.
Em outros casos, porém, não há uma identificação direta. Outro dia, estava numa roda de bate-papo e falei sobre a origem árabe de palavras iniciadas com “al” – correspondente ao nosso artigo definido “o”. Os companheiros de roda desconheciam o fato. Citei o exemplo de alface – e a partir daí foi um tal de “almeirão”, “alcachofra”, que mais parecia brincadeira de criança tentando achar palavras.
Pois é isso mesmo. Para quem não sabe, “todas as palavras cuja primeira sílaba seja ´al´ são de origem árabe, mas aquelas em que ´al´ não forme uma sílaba podem ter uma raíz distinta”, explica o Wikipedia. Isso é reflexo do domínio árabe (mouro) sob a Península Ibérica por quase 500 anos.
Além de alface, são de origem árabe alambique, alcachofra, alcaide, alcateia, álcool, alecrim, alfafa, alfaiate, alfândega, alfarrábio, alfazema, alferes, alforria, algarismo, álgebra, algema, algodão, alicate, almanaque, almofada, almôndega, almoxarifado, alvará, etc. E não é só “al”; tem também açafrão (que vem de azzafaran, amarelo), açoite, açougue, açúcar, azeite, azulejo, etc.
Muitos nomes de famílias também atestam a presença árabe em Portugal. Quando houve a Reconquista e a expulsão dos mouros, aqueles que foram presos tiveram que optar pela conversão ao catolicismo ou a morte. Como a tradição entre árabes era a de usar como sobrenome a localidade de origem da pessoa, os mouros convertidos – os chamados cristãos-novos - precisaram ser batizados. Para isso, foram sendo criados sobrenomes ligados a árvores, animais, ferramentas, como Pinheiro, Carvalho, Nogueira, Figueira, Machado, Coelho, etc.
Portanto, todas as pessoas que possuem estes sobrenomes, se fizerem suas árvores genealógicas, deverão se deparar com algum antepassado árabe.
PS: o território ocupado pelos árabes na Península Ibérica chamava-se Al-Andalus. Daí para Andaluzia, uma região hoje pertencente à Espanha, não é preciso muito...
sábado, 17 de janeiro de 2009 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 07:38 |
Alguém aceita alface?
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3 comentários:
hahahahaha sabia que isso iria acabar aqui, em um post!!!
Pois é, parece coisa de idiota, né... E é.
Na verdade, acho que é preciso muito...
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