quarta-feira, 14 de janeiro de 2009 | |

Lágrimas e chuva


Chego em casa nesta noite de quarta-feira e a chuva cai. Cai forte, cai límpida.

Há tempos venho tendo vontade de tomar chuva, como fazia quando criança. Tentei no Ano Novo, sob olhares repreensivos de alguém, mas desisti. Nesta noite, a vontade se acentuou. "A chuva lava a alma", digo.


Em casa, olho pela janela e a chuva cai. "A chuva lava a alma", diz, coincidentemente, minha mãe. Mais um sinal da vida. Preciso realmente tomar chuva.


"Lágrimas e chuva molham o vidro da janela

Mas ninguém me vê."

Olho no espelho e vejo olhos verdes. Meus olhos estão ficando verdes. Fico feliz por um segundo, um eterno segundo. E volto. Acho que estão ficando verdes por causa das lágrimas. Elas insistem em cair nestes dias.


"A noite é muito longa,

eu sou capaz de certas coisas que eu não quis fazer."

Eu quis. Eu fiz. Ainda assim as lágrimas insistem em cair. Como a chuva lá fora.


Duas pessoas me perguntaram hoje como estou nestes dias. Estou chovendo. Está chovendo.


"Será que alguma coisa nisso tudo faz sentido?

A vida é sempre um risco, eu tenho medo do perigo."

Mas sigo. Meus olhos quase verdes seguem também... vendo a chuva. A chuva para. Eu paro. As lágrimas cessam. Por ora.


"Será que existe alguém ou algum motivo importante

que justifique a vida ou pelo menos este instante."

Existe. A chuva. A lágrima. As lágrimas que insistem em cair. Teimosa e dolorosamente, marcando o tempo, contando as horas que faltam.


Cansei de chorar. Ainda tenho muito o que chorar. As lágrimas me pertencem. Eu, no meu quarto, olho pela janela e vejo que a chuva vai voltar. E eu quero tomar chuva.


"Não sou eu quem me navega,

quem me navega é o mar."

1 comentários:

Sol disse...

estava procurando imagem para o meu blog..
passei por aqui..
putz..que legal..
amei o teu jeito de escrever..
virei fã..
bjs.