Lamentáveis os protestos - embora legítimos - contra a jornalista cubana Yoani Sánchez durante sua recente visita ao Brasil.
Não é o ato em si que critico (sou radical defensor das liberdades de imprensa e de expressão) e sim o que o motivou.
Por mais que a revolução cubana mova paixões meio século depois de concretizada, é inaceitável qualquer tipo de censura à livre manifestação da opinião, bem como são inaceitáveis as restrições ao acesso à informação isenta e à difusão de pensamentos como ocorre em Cuba.
Será que os manifestantes anti-Yoani ignoram que o ato feito por eles é proibido no regime castrista que tanto admiram? Será que ignoram o fato de que em Cuba eles não poderiam manifestar oposição ao pensamento oficial? Não se dão conta de que é justamente a possibilidade do ato que eles protagonizaram que motiva a luta da jornalista?
Tanto que ela reconheceu, apesar de se ver alvo de ataques por vezes ferozes e agressivos, preferir o barulho dos protestos numa democracia ao silêncio das ditaduras.
Algo semelhante, aliás, ao que a própria presidente Dilma Rousseff já manifestou ao falar da mídia.
Como registrou o limeirense Flávio Guimarães de Luca em
texto publicado no Painel do Leitor da “Folha de S. Paulo”: “Talvez tenha
faltado a essa turba a oportunidade de morar - e de tentar se manifestar - em
países como a extinta Alemanha Oriental, a Coreia do Norte ou mesmo em Cuba, de
onde parecem ter vindo seus conceitos de liberdade de expressão”.
“Por falar nisso, é preciso habitar um museu contíguo ao
Vaticano para acreditar que o regime cubano deva ser imitado. Se viver ali
fosse bom ou mesmo tolerável, o governo de Havana não teria passado mais de 50
anos impedindo viagens de cidadãos ao exterior. E não há sucessos na saúde e na
educação que compensem a ausência de liberdades tão fundamentais como a de
dizer o que pensa ou a de viver num outro país”, comentou o filósofo Hélio
Schwartsman em artigo também na “Folha de S. Paulo”.
sábado, 23 de fevereiro de 2013 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 05:00 |
Caso Yoani: em favor da liberdade de expressão
Marcadores: Cuba, democracia, Yoani Sánchez
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