O governo Paulo Hadich (PSB), em Limeira (SP), já caminha para seu segundo mês
e, por enquanto, nenhuma medida, ação ou projeto de maior impacto foi
anunciado. Percebe-se, em conversas informais com populares, uma certa sensação
de marasmo. Esta semana, cheguei mesmo a ouvir de uma pessoa a palavra “decepção”.
A impressão não é só minha.
Em coluna publicada nesta terça-feira (19/2) na “Gazeta de Limeira”, o
jornalista Antonio Cláudio Bontorim faz diagnóstico semelhante. Ele atribui o
problema à (falta de) comunicação: "(...) percebo um governo distante da mídia. Há, nas relações entre jornalistas da imprensa diária e dos altos escalões da administração (...) uma frieza incompatível com a política. E por mais empenho dos poucos secretários (...) não é o suficiente para que a população conheça quem são os homens e mulheres de confiança, que cercam o novo prefeito".
Não
chega a ser exatamente um problema – ou melhor, é, mas a raiz dele encontra
respaldo no próprio governo (daí ser um “meio problema”, já que é um tanto
proposital o distanciamento).
Hadich
havia alertado que seu estilo é muito diferente de um dos antecessores, o
cassado Silvio Félix (PDT). O pedetista procurava aparecer na mídia a todo
momento. Comprou horário numa rádio para fazer um programa semanal e buscava
aparecer com frequência na TV. Sabia do poder da comunicação para a reeleição.
Félix
adorava anunciar factoides. Diante de qualquer cobrança da imprensa, tinha a
solução – que, via de regra, nunca saía do papel.
Hadich
é muito mais discreto. Faz questão de ser. “Algumas pessoas vão estranhar, mas
não vou ficar fazendo anúncios. Só vou anunciar o que estiver certo, concreto”,
disse certa vez.
E
assim tem sido. Daí se ter a certeza de que o aparente marasmo é fruto, também,
de um novo estilo de administrar, praticamente uma estratégia de governo.
Do que decorre
a questão levantada por Bontorim em seu artigo: “Impossível que não haja nada
de positivo a divulgar, que não seja por obrigação e necessidade”.
E se de fato não houver, problema há.
Quando se apresentam como candidatos, os políticos têm
solução para todos os problemas. Se já sabem de antemão o que e como fazer,
meio caminho foi andado. Basta iniciar as ações.
Naturalmente (e Hadich já alertou sobre isto), não
seria possível – nem imaginável – que todos os problemas do município fossem
resolvidos em um mês. Não serão em um ano. Nem todos o serão em quatro anos
(período de um mandato).
É preciso, então, um pouco de paciência. Dos dois
lados: de quem cobra e de quem é cobrado (neste caso, paciência com as
cobranças).
Hadich sabe que “paga” o preço da expectativa que sua
eleição gerou após a crise política pela qual Limeira passou, resultando na
cassação de um prefeito e também resultado dela.
Isto não o impediria, porém, de reconhecer que a
comunicação de seu governo está “tímida” – e talvez esta seja a palavra mais
adequada.
Aliás, Hadich sabe disso. Endossa parte da estratégia (a de que não é hora de sair atirando no que diz respeito aos problemas encontrados).
Quem conversa com o prefeito sabe que ações estão
sendo tomadas. Primeiro buscando “arrumar a casa” – e há muito, muito mesmo, a
ser arrumado. “Para onde se olha há problema”, disse um membro da
administração.
Ou seja: o foco neste início de governo tem sido
preparar o terreno para as ações prometidas na campanha eleitoral.
Hadich está otismista – e isto é importante, pois
indica que o prefeito tem trunfos em suas mãos, ou cartas na manga (para usar
outra metáfora).
Resta, então, aguardar.
De um lado, o cidadão deve se manter vigilante,
cobrando, mas ao mesmo tempo compreendendo as dificuldades de qualquer início
de governo.
De outro, o prefeito e sua equipe devem se esforçar um
pouco mais para se comunicar com a comunidade, ainda que seja para explicar
ações de menor grau que estejam sendo tomadas como planejamento das grandes
mudanças.
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