Não consigo encontrar alguma razoabilidade na defesa do voto
secreto nas casas legislativas brasileiras – em nível nacional, estadual ou municipal.
Em Limeira, já há algum tempo as votações principais na Câmara
Municipal são abertas, inclusive a eleição para a Mesa Diretora.
A questão voltou à tona com a recente eleição de Renan
Calheiros (PMDB-AL) para a presidência do Senado. Envolto em denúncias de corrupção
e tendo renunciado ao comando do mesmo Senado uma vez para escapar de uma
possível cassação, o peemedebista teve 56 votos de um total de 81 senadores.
Ocorre que numa enquete feita pela “Folha de S. Paulo” dias
após a eleição, apenas 35 senadores admitiram publicamente o voto em Renan.
Mais: 24 senadores manifestaram ao jornal terem votado no
concorrente do peemedebista, o senador Pedro Taques (PDT-MT). O problema é que
o pedetista teve apenas 18 votos. Ou seja: seis senadores mentiram.
Algo está errado quando um senador da República não pode
defender em público o voto que deu sob sigilo.
Daí eu não enxergar argumento plausível para o voto secreto.
A principal alegação de quem defende este instrumento é que
ele protege o parlamentar de possíveis pressões externas – como a do poder
Executivo, sempre interessado nas eleições para o comando das casas
legislativas.
Pois é justamente a pressões que os políticos devem
responder. E a principal pressão a que devem explicações é a do eleitor.
Repito: se uma pessoa se vê forçada em público a defender
algo distinto do que fez sob sigilo algum problema há. E, no caso da política,
os problemas costumam trazer graves consequências. Para a sociedade.
Voto aberto sempre!
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