(...) Autor de "Cidades para Pessoas" [ed.
Perspectiva, trad. Anita Di Marco, com colaboração de Anita Natividade, 280
págs., R$ 90], a sair no início de agosto, (Jan) Gehl combate conceitos
modernistas - que ao longo de meio século foram vistos quase como dogmas por seus
colegas em todo o mundo - com ideias simples, que contrariam a cultura do carro
particular e a insensibilidade dos projetos urbanísticos para a escala humana.
(...) "Meu livro foi lançado em 2010 e já foi traduzido
para cerca de 20 línguas. A ideia de um planejamento orientado para as pessoas,
e não para os carros, tem se espalhado pelo mundo. Isso me deixa contente, pois
meu objetivo no trabalho sempre foi conseguir criar ou inspirar espaços
melhores para viver nas cidades, independentemente de o país ser grande ou
pequeno, rico ou pobre."
Para ele não é surpresa, por exemplo, a notícia de que o
número de jovens motoristas nos Estados Unidos caiu pela metade em 30 anos.
"A era do carro está morrendo. Você consegue pensar em algo menos
inteligente do que o uso obsessivo do carro? É muito custoso, ocupa demasiado
espaço, polui e é causa de muitos acidentes."
Não à toa, todos os seus projetos, entre os quais se contam
inúmeras mudanças em Copenhague, onde as áreas para carros foram bastante
reduzidas, e Melbourne, com seu centro renovado, contemplam melhorias para
transporte público, pedestres e ciclistas.
Como mostra em seu livro, com didatismo incomum e muitas
ilustrações, uma das chaves para cidades humanizadas é a criação de áreas de
uso comum diversificado. Entre os bons exemplos que Gehl destaca está a New
Road, em Brighton, no litoral da Inglaterra.
(...) "Todas as cidades no mundo têm departamentos de
trânsito, mas quase nenhuma tem um departamento para pedestres e ciclistas ou
para a qualidade de vida. Às vezes, tenho a impressão de que sabemos mais sobre
o hábitat de leões e gorilas do que sobre o de humanos."
Fonte: Daniel Benevides, “A marca humana”, Folha de S.
Paulo, Ilustríssima, 27/7/13.
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