A "grande mídia" mundial é hoje dominada por
empresas como Facebook, Google e Twitter e subprodutos como Instagram, Skype e
YouTube. Juntas, elas faturaram pelo menos R$ 120 bilhões só nos EUA em 2012 - ou
cerca de três vezes o que movimentou no mesmo período o mercado publicitário
brasileiro inteiro.
Sim, volto ao tema da coluna passada. É que, no mesmo dia em
que eu escrevia que o Facebook é pouco transparente, o jornal "O
Globo" publicava reportagem mostrando que o Brasil é um dos alvos da
espionagem dos EUA, aquela que, segundo o "Guardian", usa o programa
Prism para acessar contas do... Facebook.
Essas empresas são cada vez mais poderosas e tentaculares,
com lobistas nos Legislativos e Judiciários do mundo inteiro --inclusive no
Brasil. Ainda assim, pela novidade tecnológica e por contarem com um marketing
muito bem feito, são vistas por seus usuários como operações amadoras tocadas
por idealistas.
Sorte delas. O problema é que são empresas de práticas
duvidosas e espinha dorsal gelatinosa. Quando instadas pelos governos, como
ocorreu recentemente nos EUA, abrem acesso a dados de seus usuários do mundo
inteiro - inclusive do Brasil.
A Microsoft, hoje dona do Skype, chegou a ajudar os
arapongas a quebrar seu próprio bloqueio para um acesso mais rápido. Esse tipo
de solicitude não é novidade. Na China, por exemplo, o Google censurou das
buscas termos considerados indesejáveis pelo governo local. Em troca, pode
continuar no país.
Imagine o escândalo se o "New York Times" fizesse
acordo semelhante: seus correspondentes poderiam ficar em Pequim, desde que as
reportagens que escrevessem não fossem críticas ao governo chinês. Ou se o
jornal passasse dados de seus assinantes para a CIA.
Pois é o que aconteceu e acontece na nova "grande
mídia". Enquanto isso, atualizamos nossos status, curtimos e
compartilhamos.
Fonte: Sérgio Dávila, “Folha de S. Paulo”, Opinião, 14/7/13,
p. 2.
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