terça-feira, 30 de julho de 2013 | |

Uma solução para as cidades

(...) Autor de "Cidades para Pessoas" [ed. Perspectiva, trad. Anita Di Marco, com colaboração de Anita Natividade, 280 págs., R$ 90], a sair no início de agosto, (Jan) Gehl combate conceitos modernistas - que ao longo de meio século foram vistos quase como dogmas por seus colegas em todo o mundo - com ideias simples, que contrariam a cultura do carro particular e a insensibilidade dos projetos urbanísticos para a escala humana.

(...) "Meu livro foi lançado em 2010 e já foi traduzido para cerca de 20 línguas. A ideia de um planejamento orientado para as pessoas, e não para os carros, tem se espalhado pelo mundo. Isso me deixa contente, pois meu objetivo no trabalho sempre foi conseguir criar ou inspirar espaços melhores para viver nas cidades, independentemente de o país ser grande ou pequeno, rico ou pobre."

Para ele não é surpresa, por exemplo, a notícia de que o número de jovens motoristas nos Estados Unidos caiu pela metade em 30 anos. "A era do carro está morrendo. Você consegue pensar em algo menos inteligente do que o uso obsessivo do carro? É muito custoso, ocupa demasiado espaço, polui e é causa de muitos acidentes."

Não à toa, todos os seus projetos, entre os quais se contam inúmeras mudanças em Copenhague, onde as áreas para carros foram bastante reduzidas, e Melbourne, com seu centro renovado, contemplam melhorias para transporte público, pedestres e ciclistas.

Como mostra em seu livro, com didatismo incomum e muitas ilustrações, uma das chaves para cidades humanizadas é a criação de áreas de uso comum diversificado. Entre os bons exemplos que Gehl destaca está a New Road, em Brighton, no litoral da Inglaterra.

(...) "Todas as cidades no mundo têm departamentos de trânsito, mas quase nenhuma tem um departamento para pedestres e ciclistas ou para a qualidade de vida. Às vezes, tenho a impressão de que sabemos mais sobre o hábitat de leões e gorilas do que sobre o de humanos."

Fonte: Daniel Benevides, “A marca humana”, Folha de S. Paulo, Ilustríssima, 27/7/13.

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