(...) No século passado, um secretário de Estado americano
mandou fechar o serviço de quebra dos códigos de outras nações dizendo que
"um cavalheiro não lê a correspondência de outro". Era o tempo em que
o presidente Franklin Roosevelt escondia um gravador em sua sala. Tinha o
tamanho de um frigobar. Em 1960, o mundo viveu uma crise quando a União
Soviética derrubou um avião U-2 que voava a 20 quilômetros de altura,
fotografando-lhe o território. Hoje U-2 é uma banda, todas as gravações de
Roosevelt, John Kennedy e Richard Nixon cabem num iPod e o Google Maps
fotografa o mundo.
Os americanos grampeiam e continuarão grampeando os outros,
assim como fazem, com menos recursos, os ingleses, franceses e, sobretudo, os
chineses. Esse aspecto tecnológico é irreversível. Pode-se negociar o
compartilhamento de informações ou mesmo criar barreiras sempre vulneráveis,
mas o governo brasileiro não fez o bê-a-bá, pois nem satélite próprio tem. Se
os companheiros não sabiam que a NSA grampeia suas comunicações, nem jornal
leem. (...)
Fonte: Elio Gaspari, “A patriotada do grampo”, Folha de S.
Paulo, Poder, 10/7/13.
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