Passados sete meses da
administração Paulo Hadich (PSB) em Limeira, já se pode fazer uma avaliação.
Não de resultados, para isto é cedo, mas de cenário. Neste sentido, é possível
dizer que a cidade possui hoje dois governos.
Explico: há um governo para
dentro e outro para fora. Um governo que se vê por quem está nele e outro que é
visto por quem não está.
Isto é bom e ruim. Bom porque
os executores sinalizam convicção do que fazem; ruim porque a imagem
transmitida começa a se desgastar muito cedo.
Quem conversa com o prefeito
ou com pessoas de sua confiança na administração, de alto e médio escalão, fica
com a certeza de que o governo tem um norte. Há um caminho a ser trilhado
visando determinados resultados e os primeiros passos – silenciosos ainda –
estão sendo dados.
É fácil notar nas pessoas do
governo entusiasmo e confiança.
Um observador externo
destacou que a equipe é tecnicamente boa, provavelmente das melhores que já se
formou nos últimos 30 anos. Há, portanto, material humano para trabalhar.
Faltam, certamente, recursos financeiros e ferramentas – mas isto era mais do
que conhecido de todos que se candidataram ao cargo de prefeito, daí não ser
desculpa aceitável.
Ao mesmo tempo, o governo
Hadich enfrenta sérios problemas. A relação com a imprensa se desgasta a cada
dia, em ritmo veloz, com forte contribuição de sua bancada de vereadores.
É certo que a mídia
limeirense tem uma parcela bastante conhecida de “profissionais” que se
notabilizaram por “mamar nas tetas” dos governos de plantão ao longo dos anos.
Citar nomes é desnecessário e infrutífero – seria dar audiência a quem não
merece. A estes, o tratamento dado pela administração Hadich e o posicionamento
do prefeito bastam.
Existe, contudo, uma outra
parcela de profissionais na imprensa, honestos e dedicados, que merece atenção
e respeito do governo.
Quando a avaliação crítica em
relação ao tratamento dispensado pelo governo se torna praticamente uma unanimidade
entre os agentes da mídia, algo há de errado. Neste caso, é recomendável que o
governo faça uma autocrítica – não é possível que todos, os bem e os mal
intencionados, estejam equivocados.
Se as ações de governo não
estão sendo reconhecidas e, portanto, não ecoam na mídia é porque: 1) há má
vontade da imprensa; 2) há incompetência da imprensa; ou 3) a comunicação do
governo está falha (e aqui não me refiro estritamente às pessoas que atuam na
área de comunicação e imprensa da prefeitura e sim a uma estratégia ampla do
governo).
Não me parece plausível que
todos da mídia estejam com má vontade ou sejam míopes. Resta, pois, a terceira
opção.
Repito: uma autocrítica tanto
da parte da imprensa quanto do governo seria saudável para melhorar esta
relação – essencial para a vida democrática e para a sociedade na medida em que
a mídia é intermediária entre a população e o poder público.
Ainda no campo externo, no
governo que se vê de fora, há outro problema: cresce a insatisfação de alguns
setores organizados com relação à administração. As críticas se avolumam – ouvi
pelo menos três setores aumentarem o tom da impaciência nos últimos tempos: o
dos engenheiros e arquitetos, o dos contabilistas e o empresariado. São
profissionais liberais e, principalmente, formadores de opinião.
É um problema sério na medida
em que qualquer governo precisa de sustentação popular/setorial, além de
legislativa e da imprensa. Quando se fala em sustentação não significa
subserviência e sim um voto de confiança, o benefício da dúvida (em dose maior no
primeiro caso, da sociedade, menor no último, da imprensa).
No caso de Hadich, as críticas
começam a ressoar e a se tornar públicas. As respostas são pontuais (talvez
porque a estratégia de comunicação não exista, o que não acredito, ou porque
não esteja funcionando, o que é provável).
Volto ao ponto inicial: o
governo tem tomado medidas, tem agido em questões estruturais, que não aparecem
num primeiro momento aos olhos do cidadão, mas é preciso que isto esteja
acompanhado de outras ações mais efetivas e, por que não?, midiáticas. É
preciso que isto esteja acompanhado de esclarecimento e informação – o que não
vem ocorrendo plenamente (e falo isto como cidadão).
São apenas sete meses. A
jornada é longa e há tempo para corrigir eventuais desvios durante o percurso. É
necessário, portanto, que quem está fora possa enxergar melhor o governo que se
vê de dentro e quem está dentro consiga apresentar melhor o governo para fora.
É urgente, pois, que os dois
governos se encontrem em um só – para o bem da cidade.
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