quinta-feira, 11 de julho de 2013 | |

Ei, governo, não está lendo jornal?

(...) No século passado, um secretário de Estado americano mandou fechar o serviço de quebra dos códigos de outras nações dizendo que "um cavalheiro não lê a correspondência de outro". Era o tempo em que o presidente Franklin Roosevelt escondia um gravador em sua sala. Tinha o tamanho de um frigobar. Em 1960, o mundo viveu uma crise quando a União Soviética derrubou um avião U-2 que voava a 20 quilômetros de altura, fotografando-lhe o território. Hoje U-2 é uma banda, todas as gravações de Roosevelt, John Kennedy e Richard Nixon cabem num iPod e o Google Maps fotografa o mundo.

Os americanos grampeiam e continuarão grampeando os outros, assim como fazem, com menos recursos, os ingleses, franceses e, sobretudo, os chineses. Esse aspecto tecnológico é irreversível. Pode-se negociar o compartilhamento de informações ou mesmo criar barreiras sempre vulneráveis, mas o governo brasileiro não fez o bê-a-bá, pois nem satélite próprio tem. Se os companheiros não sabiam que a NSA grampeia suas comunicações, nem jornal leem. (...)

Fonte: Elio Gaspari, “A patriotada do grampo”, Folha de S. Paulo, Poder, 10/7/13.

Leia também:

0 comentários: