- Você viu as bombas na maratona de Boston?
A pergunta, oriunda de um conhecido, colocou-me de imediato numa máquina do tempo. Voltei um ano, exatamente um ano, exatamente a 15 de abril de 2012. E respondi, um tanto estupefato:
- Eu estava lá exatamente um ano atrás, na mesma rua, no mesmo lugar...
Era domingo, um domingo ensolarado e um tanto frio. Cheguei a Boston acompanhado por um ex-colega de trabalho, vindos de Washington D.C. no voo 1790 da JetBlue. Destino inicial: a Monsignor O´Brien Hwy, onde ficava nosso hotel.
Até então, meu colega e eu não tínhamos entendido a razão dos hotéis em Boston custarem bem mais do que em qualquer das outras cidades pelas quais passaríamos (eram pelo menos dez). Tampouco sabíamos porque era difícil achar vagas na cidade. Só descobrimos quando iniciamos nosso passeio.
Ao chegar no centro histórico, encontramos uma estrutura toda montada para a famosa Maratona de Boston, uma das mais importantes e históricas provas de atletismo de rua do mundo. Para se ter uma ideia, ela foi criada em 1897, sendo a segunda mais antiga - atrás apenas da maratona olímpica.
A prova ocorreria no dia seguinte, segunda-feira 16, feriado. Naquele domingo, portanto, o espaço que sediaria o evento estava parcialmente bloqueado, disponível para os pedestres. E como havia gente na cidade! Fora os locais, atletas profissionais e amadores de diversas partes do mundo - daí a razão dos hotéis lotados e dos preços altos.
Passeamos tranquilamente pelas ruas, vimos a estrutura de apoio aos participantes, as arquibancadas e os banners com o logotipo da prova - tudo pronto! Nas fotos a seguir, as grades dispostas na calçada eram para a maratona, bem como o estande montado em frente à igreja (aliás, os atentados foram ali perto).
Um ano depois, ao tomar conhecimento dos atentados a bomba, confesso que me deu uma sensação curiosa. Uma mistura de indignação com a capacidade humana de produzir atos insanos e, ao mesmo tempo, um sentimento de pertencimento. Como se eu - por conhecer aquele lugar e ter estado exatamente no mesmo ponto um ano atrás, no mesmo dia 15 de abril - tivesse algo a ver com a cidade. Senti como os locais devem ter sentido.
Também, naturalmente, fiquei com uma sensação de nostalgia. Um ano atrás eu caminhava pelas ruas de Boston, mas esta parte da história tem capítulos que são um tanto dolorosos até hoje. Enfim, coisas da vida...
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