A morte da
ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher trouxe à tona o debate a
respeito do legado que ela deixou. Tão ou mais importante do que isto, porém, é
válido refletir sobre a importância de formular ideias sobre a economia e a política
de uma nação – e, de resto, de todo o mundo globalizado.
Thatcher foi a executora nos anos 1980 de um ideário conservador. Não vou entrar no mérito da discussão a
respeito das ideias que ela aplicou. Há que se ressaltar, porém, que o mundo
atual carece deste tipo de pensamento. Principalmente no Brasil, onde o debate
político e econômico deu lugar a uma pobre disputa político-partidária.
Tome-se como exemplo a última
eleição presidencial. No lugar de discutir que modelo de país a sociedade
deseja, os principais candidatos optaram pela troca gratuita de ofensas,
notadamente sobre questões alheias ao debate político-econômico (falou-se mais
sobre o aborto do que sobre os pilares da economia).
Resultado: hoje, após mais da
metade do mandato da presidente Dilma Rousseff, o “establishment” mostra-se
preocupado com uma certa guinada intervencionista do Estado e com o
afrouxamento dos chamados pilares da economia (metas de inflação, câmbio
flutuante e equilíbrio fiscal).
É legítimo que Dilma queira
dar seu tom à economia. Também parece claro que a presidente tem em mente noções
próprias a respeito do papel do Estado. O que causa espécie é estas noções não terem
sido discutidas em nenhum momento, seja durante a campanha eleitoral (o palco
ideal para este tipo de debate) ou mesmo pós-eleição.
Nos Estados Unidos, por mais
que exista a tradicional troca de farpas entre republicanos e democratas, a
cada eleição os cidadãos assistem a uma ampla discussão a respeito de qual país
eles pretendem ter. São duas visões de mundo distintas, que se confrontam a
cada quatro anos.
E não se pode culpar apenas
os candidatos pela ausência de debates mais sérios e aprofundados no Brasil. Falta
maturidade para o eleitor em geral. Sendo assim, os políticos oferecem aquilo
que os marqueteiros consideram palatável (e “vendável”) para o cidadão. Sobra
pirotecnia, falta conteúdo.
Em Limeira, na última
campanha eleitoral, um candidato mostrou-se preocupado em focar o debate muito
mais na formulação de ideias do que propriamente em promessas pontuais. O hoje prefeito
Paulo Hadich (PSB) repetiu à exaustão que mais importante do que propor medidas
era pensar qual cidade queremos para daqui a vinte, quarenta anos.
Isto, sem dúvida, enriquece o
debate.
Um dia, espero, chegaremos
lá.
PS: vencida a eleição, o
desafio de Hadich agora é passar das formulações para a ação, sob risco das
ideias permanecerem apenas como ideias.
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