quinta-feira, 31 de maio de 2012 | | 0 comentários

Uma cidade que pensa alto

Em Toronto, no Canadá, o conselheiro (espécie de secretário municipal) Lou Di Gironimo propôs a criação de um novo conjunto de ilhas junto ao lago Ontário, na boca do rio Humber. A iniciativa – que custaria alguns milhões de dólares – resolveria dois problemas: a poluição da água e o excesso de resíduos da construção (a cidade virou um verdadeiro canteiro de obras, notadamente prédios).




Segundo anotou Marcus Gee em artigo no “The Globe and Mail” de 21 de abril, Toronto esforçou-se nos últimos anos para despoluir a água do lago que a banha. Hoje, oito das 11 praias estão limpas, com bandeira azul. Contudo, duas das praias preferidas dos banhistas por gerações - a Marie Curtis e a Sunnyside – ainda são afetadas por poluentes que entram no lago pelo rio.

O projeto do novo arquipélago, batizado de Humber Bay, permitiria limpar a água dessas praias. Além disso, com as novas ilhas, a cidade ganharia um área de lazer, valorizando ainda mais seu “lakefront”, ou seja, a margem do lago.

Ainda conforme o artigo, Toronto vai produzir 800 mil metros cúbicos de entulho com escavações para obras de água e esgoto nos próximos dez anos. Já uma obra de trânsito gerará outros 800 mil m3. Isto sem contar as fundações dos prédios que estão sendo erguidos na cidade.

Para fazer o Humber Bay, seriam necessários dois milhões de m3 de resíduos - as ilhas entrariam um quilômetro lago adentro. Ou seja: o projeto absorveria os detritos e a cidade economizaria o dinheiro que seria usado para transportar o material até o aterro.

Naturalmente, o projeto de Di Gironimo é polêmico. Por enquanto, tudo não passa de uma ideia - o conselho municipal concordou em fazer um estudo. O analista do jornal, porém, não deixou de saudar a iniciativa ao concluir seu texto: “It´s great to see a mandarin who isn´t afraid of think big” (“É ótimo ver um mandarim* que não tem medo de pensar grande”).

É isto aí – grandes cidades exigem grandes soluções!


* Na China antiga, mandarim significava um alto funcionário público.

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Constatação

Estou "emburrecendo".

(E as experiências que tive no fim de semana comprovam isto.)


E não estou só "emburrecendo", mas outros "endo" também...

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"Jornalismo é como sedução, diz Gay Talese"

Para o jornalista americano Gay Talese, o repórter é um sedutor que conquista seus personagens como um vendedor convence a clientela.

Talese, 80, ilustrou bem o que quer dizer, ontem, em uma palestra de uma hora e meia para jornalistas na Folha. No encontro, contou histórias de suas reportagens, como "Frank Sinatra Está Resfriado", e comentou seus métodos de trabalho.


Sem celular, notebook ou tablet, Talese anda com pequenos cartões para escrever o que vê ou precisa saber.


O veterano, que veio ao Brasil participar do Congresso Internacional Cult de Jornalismo Cultural, é considerado pai do "new journalism" (novo jornalismo), ou jornalismo literário, caracterizado por reportagens que se apropriam de técnicas da ficção.


É autor de livros como "O Reino e o Poder", sobre os bastidores do "New York Times", "Honra Teu Pai", sobre uma família de mafiosos, e "Fama e Anonimato", que reúne diversas reportagens.


Filho de um alfaiate de origem italiana, mostrou-se elegante como sempre, de paletó, colete e sapato verdes, e gravata amarela. Na cabeça, um chapéu branco, o único que trouxe para o Brasil. "Em minha casa, tenho 30", contou. Leia trechos a seguir.


LITERATURA

Quando era um menino na escola, lia contos, pequenos romances, e fiquei interessado nas narrativas. Mais tarde, me perguntei se eu poderia contar histórias, mas não com personagens imaginários, e sim reais. Não queria ser um repórter, mas contar histórias. Não precisava usar a imaginação, mas sim passar tempo com as pessoas.

Pessoas nem sempre contam a verdade. São cuidadosas, pois não conhecem o jornalista. Eu queria conquistar a confiança delas. E como fazer isso? Aos poucos.


Você conhece alguém na rede social, sai, almoça, passeia e ficam íntimos. Há um paralelo com o tipo de jornalismo que faço. Às vezes, nós, jornalistas, somos sedutores. E não quero ser o sedutor de uma noite só, mas sim um parceiro de uma relação.


JORNALISMO

Eu acho que jornalismo pode ser uma forma de arte.

Estudantes de jornalismo estão sempre reclamando que não têm emprego na área. Quando comecei, eu pegava sanduíches para o pessoal. Era o jeito de entrar.


Quem reclama que não tem tempo para um bom trabalho precisa arrumar esse tempo. Você não deve ser um repórter como qualquer outro. Tem que ter perseverança, ego e até arrogância.


Muitas vezes você escreve sobre pessoas famosas e não pode se sentir diminuído, como se estivesse falando com alguma pessoa extraordinária. Por isso, desde jovem me sentia importante.


LIÇÕES DE FAMÍLIA

Não tenho celular, não uso e-mail. Vou conhecer as pessoas. Minha atitude vem da minha família. Minha mãe tinha uma loja de vestidos e meu pai era alfaiate.

Aprendi com minha mãe: deixe as pessoas falarem, não as interrompa. Com meu pai: o que é feito à mão é melhor que o feito com máquina.


PERSONAGENS

Nunca quis escrever sobre notícias do dia, o que os economistas ou políticos disseram hoje. Queria escrever notícias não importantes, mas escrevia tão bem que saía no jornal.

Quero escrever sobre pessoas que não estão nas notícias. Elas refletem a sociedade e quero ser o cronista de suas vidas. No "New York Times", fiz de tudo para ficar longe dos famosos. Sugeria um monte de desconhecidos, e o editor dizia: "Quem se interessa?". Eu me interesso.


AUTOMÓVEIS

Uma vez fiquei um ano e meio num assunto para escrever um livro. Foi entre 1980 e 1981, era sobre a indústria automobilística. Viajei com um diretor da Chrysler, frequentei reuniões, fui até Tóquio. Mas decidi que não queria mais. Seria muito sensacionalista.

Escrevi sobre mafiosos. Escrevi sobre pervertidos. Eu os respeito porque não estavam se escondendo; mas o pessoal do automóvel não era o que dizia ser. E expô-lo seria sensacionalista.


VENDEDOR

Uma reportagem começa na curiosidade. Você decide escrever sobre algo. Por quê? Porque te deixa curioso.

Aí, precisa achar alguém e propor que ele colabore. Como? Com técnicas refinadas de vendedor.


É como vender um aspirador. Se a pessoa já tiver, insista para ela tentar o seu.


Sou polido, não forço a barra. Acredito que o que vou escrever tem valor, não é superficial. Chego na pessoa com boas maneiras, estou sempre de terno e gravata, não importa se é o presidente ou lixeiro.


Aqui, por exemplo, está todo mundo mal vestido, mas não é meu problema (risos).


REPORTAGEM

Você diz à pessoa que ela tem uma história significativa e pergunta se ela pode colaborar. Se ele estiver ocupada e tiver que ir ao dentista, você pergunta se pode ir com ela. Eu procuro situações. É a arte de sair com as pessoas.

MÉTODO

Não faço anotações enquanto a pessoa fala. Escrevo o nome, o dia, o local. Depois, no hotel, peço a máquina de escrever emprestada e escrevo tudo.

FIM DO IMPRESSO

Quando entrei no jornalismo, aos 20 anos, diziam a mesma coisa, diziam que a televisão ia acabar com o jornalismo impresso. "Está tudo na tela, para que ler no dia seguinte?".

Não acredito que vá acabar. Mas tem que ser de boa qualidade. Bons textos vão sobreviver porque são bons.


Fonte: Ivan Finotti, "Folha de S. Paulo", 31/5/12.

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Só um pulinho

E o Rio de Janeiro fica logo ali...


Em tempo: a foto foi tirada no Navy Pier, em Chicago (EUA).

quarta-feira, 30 de maio de 2012 | | 0 comentários

Frase

"O tempo transformou meu sonho em pesadelo
Mudou minha cara, vejo no espelho."
Zé Henrique, compositor

PS: ouvindo uma música, identifiquei-me com este trecho (viu Henry, desta vez tem um propósito!).

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Ainda (e sempre...) o Facebook

Uma das perguntas a que mais tenho ouvido ultimamente é: “Você tem Facebook?”. E a reação que mais tenho visto quando respondo que “não” é um espantoso “ohhh!”.

Vou escrever em letras garrafais: EU NÃO TENHO FACEBOOK!

Minha opinião a respeito dele – e de outras redes sociais do gênero – já foi postada aqui e reproduzida aqui.

Hoje, diante de mais uma indagação (e mais uma resposta negativa de minha parte), uma colega de profissão sugeriu que eu criasse uma conta “fake” só para acessar informações. Um colega emendou: “Tem muita pauta no Facebook, hoje tudo acontece pelo Facebook”.

Eles até têm razão, mas na minha vida prefiro que as coisas aconteçam no mundo real.

Curiosamente, a mesma colega que me sugeriu criar uma conta “fake” veio me contar uma “fofoca” (não era bem uma fofoca no sentido de ser maldosa). Ou seja: ela corroborou minha tese a respeito do Facebook – a de que ele serve mais para bisbilhotar a vida alheia e para quem quer buscar “tilangos" e "tilangas” do que para qualquer outra coisa.

Em tempo: ainda que possa ser útil para “saber das coisas”, de que valia tem uma relação virtual? A “fofoca” contada pela minha colega era sobre a morte do filho de um conhecido. Quantas mensagens terá ele recebido via Facebook? Inúmeras. Quantas dessas pessoas terão ido ao velório ou à casa dele para consolá-lo, como fazem os AMIGOS?

A resposta ajuda a explicar porque tenho resistência ao Facebook. Prefiro as poucas – e boas e sinceras – amizades reais.

terça-feira, 29 de maio de 2012 | | 0 comentários

Placas da América (3)

Seguem mais placas de veículos dos Estados Unidos:









PS: para ver as duas postagens anteriores sobre as placas, clique aqui e aqui.

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A propósito do propósito

Um amigo me mandou um e-mail elogiando a postagem que reproduzi do blog de Paulo Coelho com um poema de Mauro Salles. "Bonito poema!!", escreveu, para emendar: "Só não entendi o propósito dele".

Minha resposta foi rápida: "Por que tudo na vida tem que ter um propósito?"

Tenho lido nos últimos dias os poucos sites que são passíveis de acesso no meu trabalho (o sistema de bloqueio instalado pela empresa impede o acesso a quase tudo que circula pela Internet, das redes sociais às notícias com suposto conteúdo "malicioso"). Milagrosamente, o blog do Paulo Coelho abre (os blogs em geral são bloqueados...).

Lendo o tal blog, deparei-me com um monte de textos com mensagens típicas do "Mago" - ou seja, autoajuda. Umas mais interessantes, outras menos; umas mais bonitas, outras menos.

Copiei alguns textos para compartilhar com os leitores do meu blog. Assim, reproduzi a postagem com o poema do Mauro Salles. Outro exemplo? O texto que fala do "Estrangeiro". 

Propósito? Nenhum. Apenas achei bonitos os textos.

Como também às vezes reproduzo músicas que considero legais, sem necessariamente ter um propósito. Assim foi com "We are young" e "Amor pra recomeçar".

Já "Fera Ferida" postei com um propósito bem específico.

Com propósito ou sem propósito, faço minhas postagens. Ao leitor, cabe a (divertida?) tarefa de adivinhar e imaginar, mas lembre-se: há sempre o risco de errar.

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Frase

"É nos diferentes pesos que cada lado confere a uma mesma ação que se funda boa parte das desavenças e conflitos que afetam a humanidade."
Hélio Schwartsman, colunista da "Folha de S. Paulo"

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Um poema

Mauro Salles é um dos melhores poetas contemporâneos. Seu livro “Recomeço” (ed. Objetiva) é ao mesmo tempo um oásis para a alma e um campo de batalha para o espírito. Eis um exemplo:

“O silêncio não leva a Deus
a noite não me transporta para o alto
e o ocaso é um convite à solidão
Na angústia dos momentos perdidos
o desespero dos minutos sem destino
e a implacável certeza da morte
tudo leva à tua saudade
tua amarga presença
na distância
em que te procuro esquecer
inutilmente.”

Fonte:
blog de Paulo Coelho, "Reflexão IV", postado em 12/04/12.

segunda-feira, 28 de maio de 2012 | | 0 comentários

Ah, o Rio de Janeiro...

O Rio de Janeiro virou um verdadeiro canteiro de obras. Novas linhas de metrô, despoluição de lagos e outras fontes de água, construção de corredores de ônibus (o Transoeste estreia amanhã, em fase experimental; o Transcarioca ainda vai exigir mais algum tempo). As melhorias têm como foco a realização da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Sempre que uma cidade é escolhida como sede dos Jogos Olímpicos, surge a questão do legado a ser deixado para a comunidade. O exemplo típico, fartamente citado, é Barcelona (que sediou os jogos em 1992). No Rio, pelo pouco que vi, não será preciso se preocupar com o tal legado. As obras em execução, afinal, ficarão para a comunidade e vão atingir diretamente – de modo benéfico – a vida do carioca.

Além das obras públicas, o Rio vem recebendo investimentos bilionários, que têm remodelado a cidade (ou parte dela, a mais nobre). A Barra da Tijuca mais parece Miami (EUA). Prédios e shopping centers estão sendo erguidos e tantos outros foram abertos nos últimos tempos.

Aliás, não vejo diferença alguma entre o Rio (a parte rica) e Miami. O oceano que banha as duas cidades é o mesmo. As cores, o clima, está tudo lá, em uma e outra. Só a língua muda. Bem, há uma outra diferença significativa: o custo de vida me pareceu bem maior na capital fluminense...

Obras à parte, o fato é que, tal como cantou Gilberto Gil, “o Rio de Janeiro continua lindo” (ainda que Chacrinha não esteja mais lá “balançando a pança e buzinando a moça e comandando a massa”). Mais belo do que antes, tão encantador quanto sempre. E com um toque diferente que só o carioca sabe dar. Um jeito meio malemolente de ser, que só combina com o Rio.

Poucos grupos conseguem representar tão bem como os cariocas o que é o tal “jeitinho brasileiro” – um modo de agir que muitas vezes irrita porque implica em levar vantagem sobre outros, mas que no Rio ganha uma versão própria, singular. Lá, o tal “jeitinho” ganha um outro apelido: “carioquês”.

Quer um exemplo? O “carioquês” é tão enraizado que, com a estreia do BRT (o nome oficial do Ligeirão, o novo sistema do transporte público), uma das dúvidas é saber se os usuários irão se adaptar às paradas específicas do ônibus nos corredores. Afinal, hoje prevalece a bagunça institucionalizada de forçar o veículo a parar onde o passageiro quiser.

Tudo isto reforçou a sensação de que o Brasil é mesmo dividido em dois. Da parte sul de Minas (ou seja, de Belo Horizonte para baixo) até o Chuí, existe um país; do norte de Minas ao Oiapoque, há outro. São dois modos de encarar a vida, nem melhor que um nem pior que outro, apenas diferentes.

Seja como for, o Rio de Janeiro ainda encanta – e, creio eu, sempre encantará. Com suas virtudes e seus defeitos. Então, “aquele abraço”!





PS: não poderia escrever esta postagem sem deixar de registrar meus sinceros agradecimentos pela acolhida à “tia” Sônia, à Sofia e ao Roberto (bom, ao Alan também).

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Cuidado com o smartphone!

Para quem acha exagero dizer que as redes sociais e as ferramentas de acesso a elas são um estímulo para bisbilhotar a vida alheia, recomendo a leitura da reportagem publicada nesta segunda-feira pela “Folha de S. Paulo” a respeito do trabalho do norte-americano Christopher Soghoian.

A especialidade dele? Revelar a fragilidade de segurança justamente das redes sociais e das ferramentas de acesso, como os celulares.

Um trecho provocativo e emblemático: "Eles (smartphones) são um acordo com o diabo. Ganhamos esses aparelhos extremamente convenientes, mas eles não trabalham em nosso benefício. Aplicativos podem vasculhar dados e enviá-los sem nos consultar. As empresas podem pedir para nossos telefones indicarem onde estamos. O smartphone é como um agente secreto do governo, pelo qual pagamos”.

A reportagem na íntegra pode ser lida
aqui.

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"A defesa é o melhor ataque"

Márcio Thomaz Bastos era o ministro da Justiça quando a Polícia Federal, a ele subordinada, concluiu em relatório, após meses de diligências e escutas, que Carlinhos Cachoeira comandava uma rede de políticos e arapongas a fim de fraudar contratos públicos e proteger casas clandestinas de jogo.

Hoje, MTB é advogado do bicheiro. Busca livrá-lo do inquérito da PF e conter seu eventual ímpeto de falar.


Márcio Thomaz Bastos era ministro da Justiça, também, quando pintou a versão de que o mensalão não passara de um caso corriqueiro de caixa dois eleitoral. A PF já coletava provas de que os mensaleiros drenaram os cofres públicos para comprar apoio político ao governo Lula. Houve dano ao erário (R$ 92 milhões do Banco do Brasil), e não mera manipulação de "recursos não contabilizados" de campanha.


Hoje, MTB advoga para o ex-diretor de um dos bancos que, segundo a PF, ajudou a esquentar o dinheiro desviado. Empenha-se para, no mínimo, adiar o julgamento no STF.


No tribunal e no Congresso, é generalizada a percepção de que o ex-ministro não cuida apenas do interesse de seus clientes, influindo sobre a estratégia de todos os réus do mensalão e do Cachoeiragate.


Tão enganadora quanto a discussão em torno da periodicidade do mensalão -se não foram mensais, os pagamentos "não existiram" - é a atual ladainha em torno do -óbvio- direito a defesa de Cachoeira, Dirceu, Demóstenes, Delúbio & Cia.


A anomalia reside no papel dúbio de MTB. Lidera a polícia para, mais tarde, socorrer os incriminados. Numa hora, age para recuperar o dinheiro pilhado do governo; noutra, é a pessoa a receber parte dele na forma de honorários (só de Cachoeira, serão R$ 15 milhões).


O ex-ministro se diz movido por "desafios", deixando a Deus "julgamentos morais". Sua conduta, porém, desafia o bom senso e abala a crença na polícia "republicana".


Fonte:
Melchiades Filho, "Folha de S. Paulo", Opinião, 28/5/12, p. 2.

domingo, 27 de maio de 2012 | | 0 comentários

No ar!

Menos de um mês após as férias (de um mês), voltei aos céus (desta vez do Brasil). No "Azulão" da Azul, encontrei céu azul:



Decolar com o dia nascendo proporciona imagens como a que se vê a seguir: um "chão" de neblina, uma espessa neblina:



Ah, o destino? Amanhã eu conto (e mostro, claro!).

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Música

Eu te desejo
Não parar tão cedo
Pois toda idade tem
Prazer e medo...

E com os que erram

Feio e bastante
Que você consiga
Ser tolerante...

Quando você ficar triste

Que seja por um dia
E não o ano inteiro
E que você descubra
Que rir é bom
Mas que rir de tudo
É desespero...

Desejo!

Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda exista amor
Pra recomeçar
Pra recomeçar...

Eu te desejo muitos amigos

Mas que em um
Você possa confiar
E que tenha até
Inimigos
Pra você não deixar
De duvidar...

Eu desejo!

Que você ganhe dinheiro
Pois é preciso
Viver também
E que você diga a ele
Pelo menos uma vez
Quem é mesmo
O dono de quem...

("Amor pra Recomeçar", de Frejat, Maurício Barros e Mauro Santa Cecília)

sexta-feira, 25 de maio de 2012 | | 0 comentários

Perguntas...

Encontrei um amigo hoje num evento. Ele disse que viu umas fotos no Facebook (ah, a grande ferramenta de bisbilhotar a vida alheia...) e me fez duas perguntas:

1) O que aconteceu...?

2) Você não foi junto?

Não tive resposta. Algumas perguntas são inconvenientes e dolorosas... Não tive resposta (não uma resposta sincera).

Em tempo: a inconveniência é exclusivamente de minha parte, este amigo não perguntou nada demais...

quinta-feira, 24 de maio de 2012 | | 0 comentários

O valor de uma árvore

Isto que é consciência ecológica, é assim - também - que se faz uma cidade ambientalmente sustentável. O exemplo vem de Chicago (EUA):



E lembre-se: cada árvore conta!

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Frase

"Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
Fernando Pessoa, poeta

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"Estrangeiro"

E me chamas estrangeiro porque cheguei aqui por um caminho que não conhecias, porque nasci em outra cidade, e conheci outros mares.

Chamas-me estrangeiro porque não estás acostumado comigo, já que eu zarpei de um porto distante, e tu pensas que as despedidas existem apenas para que se agitem lenços e se encham de lágrimas os olhos, e acreditas que, quando se vai para longe, todos pensam apenas no dia do regresso e nas orações que os entes queridos ficam repetindo, dia após dia, anos a fio.

Mas eu não sou estrangeiro. Porque despertei em minha alma o que antes não conhecia, e descobri que todos os homens são iguais, que houve uma época em que o mundo não tinha fronteiras.

Todos nós trazemos o mesmo grito, as mesmas perguntas, o mesmo cansaço das viagens muito longas.

Os que dividem, os que dominam, os que roubam, os que mentem, os que compram e vendem nossos sonhos, são eles que inventaram esta palavra: Estrangeiro.

Olha-me no fundo de meus olhos, além do teu ódio, do teu egoísmo, do teu medo, e verás que sou apenas um homem, que precisa de tua ajuda.

Não posso ser, nunca fui um Estrangeiro.

(Trecho de 
um poema de Facundo Cabral, retirado do blog de Paulo Coelho)

quarta-feira, 23 de maio de 2012 | | 0 comentários

Placas da América (2)

Seguem mais placas de veículos dos Estados Unidos:










PS: para ver a primeira postagem sobre as placas, clique
aqui.

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Pitaco político

Li no Jornal de Limeira hoje, na coluna “Vai & Vem”, assinada pela jornalista Nani Camargo, impressões que vão ao encontro das que eu tive numa recente visita à Câmara Municipal.

Cada vez mais uma candidatura se fortalece – e outras se enfraquecem.

PS: mais sobre este assunto, clique
aqui.

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20 anos depois

“Los hombres pasan, las ideas se quedan. Quedan sus afanes morales que seguirán caminando sobre las piernas de otros hombres.”
Giovanni Falcone, juiz

Exatamente às 17h58 (horário da Itália) de 23 de maio de 1992 morria de modo brutal um dos ícones mundiais no combate às máfias. O juiz italiano Giovanni Falcone foi assassinado num atentado a bomba contra o carro onde ele estava. Foram 150 quilos de explosivos para calar o homem que colocou mafiosos atrás das grades e mostrou que um outro caminho era possível.

No atentado, a cargo da Cosa Nostra, a famosa e temida máfia siciliana, morreram também a esposa dele, a juíza
Francesca Morvillo, e três seguranças do casal.

A máfia achou que, com o ataque, calaria Falcone. A voz do juiz, porém, será eternamente ouvida. Em todos os cantos onde houver ilegalidades, na Itália e em todo o mundo, alguém há de se levantar em defesa da justiça. Como registrou a edição desta quarta-feira do
“El País”, mais do que os 400 mafiosos que colocou no banco dos réus e das condenações que somam mais de 2,5 mil anos de prisão, Falcone deixou um legado. “Marcou um caminho. Levantou a voz. Passou um testemunho”.

Vinte anos depois, as máfias ainda resistem, alertou o primeiro-ministro italiano, Mario Monti. As três principais facções – Cosa Nostra, a Camorra napolitana e a N´drangheta, da Calábria – espalharam seus tentáculos pelo mundo. É, pois, apenas um sinal de que a guerra não terminou. Que o exemplo de Falcone, portanto, continue servindo de sustentáculo para todos os que lutam pela justiça e pela verdade.

PS: quem se interessar em saber mais profundamente como funciona a máfia italiana, recomendo a leitura de “Gomorra”, brilhante livro-reportagem do jornalista Roberto Saviano.

terça-feira, 22 de maio de 2012 | | 0 comentários

Marcas

Cena tipicamente norte-americana, flagrada nas ruas de Chicago (e vista em muitas outras ruas pelo país):


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Será o apocalipse?

Em praticamente dois meses, o dólar passou de R$ 1,72 a R$ 2,08 no Brasil. Reflexo da crise europeia que se acentua a cada dia.

Não sei onde o mundo vai parar – ou melhor, a economia (e ela é determinando para o resto). Paul Krugman previu em seu blog no site do “The New York Times” o colapso do euro. Para breve, questão de meses. O roteiro: a Grécia abandona o euro; Espanha, Itália, Portugal e Irlanda quebram; a Alemanha se vê num impasse. A União Europeia corre riscos.

Nos EUA, a situação também não é cômoda. Segundo Krugman, mais da metade da população norte-americana vive em estados com um nível de desemprego de pelo menos 8%. Só 8% dos norte-americanos moram em estados com desemprego inferior a 6%.

A questão que se coloca na Europa é, de acordo com o “El País” desta terça-feira: como resolver o impasse entre corte de gastos e crescimento econômico. Aparentemente, fazer as duas coisas parece impossível. Este será o tema principal de um encontro informal do Grupo dos 27, no final de junho.

O impasse ganhou um novo – e poderoso – ingrediente com a eleição do esquerdista François Hollande na França. Ele quer uma alternativa ao arrocho proposto (e acordado meses antes pelos líderes dos países da zona do euro, França incluída) em detrimento do crescimento econômico e da geração de empregos.

Na Espanha, um dos países que mais sentem a crise, a saída encontrada pelo governo de Mariano Raroy é conhecida: elevar impostos e reduzir gastos na primeira metade do mandato. As metas propostas por ele levariam a economia da Espanha ao mesmo nível da dos países do leste europeu. Em quatro anos, o nível de investimentos/gastos públicos cairia dos atuais 43,6% do PIB (Produto Interno Bruto) para 37,7%, informa “El País”.

A política de austeridade fiscal está sendo questionada por um motivo básico: seus resultados “escassos”, nas palavras do principal diário espanhol. Como contraponto, porém, apresenta-se a Alemanha: exemplo máximo da tal política, o país exibe os melhores números da economia em toda a União Europeia.

Li hoje que muito em breve, questão de anos, o PIB mundial será comandado pelos ditos emergentes (notadamente os Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Ontem, a presidente Dilma Rousseff manifestou num evento que o Brasil está “300% preparado” para enfrentar a crise. O governo brasileiro, ao contrário da austeridade pregada pela Europa, tem optado desde 2008 por elevar os gastos públicos como forma de impulsionar o consumo. Dilma acaba de reduzir a zero as alíquotas do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carros populares. A medida faz parte de um pacote que totaliza R$ 2,7 bilhões entre isenções e oferta de crédito.

Como disse, não sei para onde o mundo caminha, não sou especialista no assunto, pouco entendo de economia. Leio e tento compreender o contexto atual. Só sei que a situação da Europa me parece sombria. O futuro é incerto. Teme-se um quadro de convulsão social – por lá, os protestos são comuns.

Será o apocalipse neste sombrio 2012?

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"O sabor de perder"

Nasrudin viu um homem sentado na beira de uma estrada, com ar de completa desolação.

“O que o preocupa?”, quis saber.

“Meu irmão, não existe nada interessante na minha vida. Eu tenho dinheiro suficiente para não precisar trabalhar, e estava viajando para ver se havia alguma coisa curiosa no mundo. Entretanto, todas as pessoas que encontrei nada têm de novo para me dizer e só conseguem aumentar meu tédio.”

Na mesma hora, Nasrudin agarrou a mala do homem, e saiu correndo pela estrada. Como conhecia a região, rapidamente conseguiu distanciar-se dele, pegando atalhos pelos campos e colinas.

Quando se distanciou bastante, colocou de novo a mala no meio da estrada por onde o viajante iria passar, e escondeu-se por detrás de uma rocha. Meia hora depois o homem apareceu, sentindo-se mais miserável que nunca por causa do ladrão que encontrara.

Assim que viu a mala, correu até ela e abriu-a, ofegante. Ao ver que seu conteúdo estava intacto, olhou para o céu cheio de alegria e agradeceu ao Senhor pela vida.

“Certas pessoas só entendem o sabor da felicidade quando conseguem perdê-la”, pensou Nasrudin, olhando a cena.

Fonte: blog do Paulo Coelho, postado em 4/5/12.

segunda-feira, 21 de maio de 2012 | | 0 comentários

Placas da América (1)

Uma das coisas legais nos Estados Unidos é observar as placas dos veículos. Isto mesmo! Parece meio idiota – e é! -, mas é também interessante.

Lá, cada estado tem liberdade para definir o padrão das placas. Ou melhor, não existe um padrão. Ao contrário do Brasil, onde todas as placas são basicamente iguais, nos EUA o proprietário pode colocar mensagens e desenhos como quiser. É comum encontrar frases que remetam à história ou à fama de determinado lugar (como na Flórida, onde grande parte dos veículos estampa a frase “Sunshine State” em muitas placas).

Na minha mais recente viagem pelos EUA, dediquei-me a fotografar a maior variedade possível de placas dos veículos.

Em um mês, registramos - o jornalista Carlos Giannoni de Araujo e eu – placas de nada menos do que 37 dos 50 estados norte-americanos, mais uma do governo federal. Foram flagrados veículos do Alabama, Alaska, Arizona, California, Colorado, Connecticut, Delaware, Florida, Georgia, Illinois, Indiana, Iowa, Kentucky, Louisiana, Maine, Maryland, Massachusetts, Mississippi, Michigan, Minnesota, Nevada, New Hampshire, New Jersey, New York, North Carolina, Ohio, Oregon, Pennsylvania, Rhode Island, South Carolina, Tennessee, Texas, Utah, Vermont, Virginia, Wiscosin, Washington DC, além do US Government e uma placa de Manitoba, uma província do Canadá.

Para não ficar uma postagem gigantesca, vou colocar no blog as placas por etapas. A primeira parte segue abaixo:










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"Um pequeno grande jornal"

O "Diário Carioca" (1928-1965) nunca esteve entre os grandes jornais brasileiros mas, ainda assim, marcou época e contribuiu para a modernização de nossa imprensa. É o que está evidente no livro que Cecília Costa acaba de publicar e cujo título diz exatamente isso.

Conforme nos conta, foi por acaso que soube desse jornal, de que mal ouvira falar, já que ninguém o lia em sua casa. Foi atrás, pesquisou, ouviu jornalistas que nele haviam trabalhado e nos deu um livro feito com indiscutível empenho, rico de informações e pleno de lucidez.


O assunto também me diz respeito, muito embora o "DC" nada me deva. Muito pelo contrário, fui eu que muito aprendi no pouco tempo em que ali trabalhei. Lembro esse tempo com muito prazer e saudade, uma vez que nunca pertenci a uma Redação de gente tão bem-humorada quanto aquela. Esse bom humor se refletia nos textos, nos títulos e às vezes na escolha dos assuntos noticiados. O principal responsável por isso era Luiz Paulistano.


Já me referi, aqui mesmo, noutras crônicas, a esse ambiente de camaradagem que nos contaminava a todos. Mas o "DC" não se limitou a isso: implantou no jornalismo brasileiro a técnica redacional norte-americana do lide e do sublide, que veio substituir, em nosso jornalismo, o velho "nariz de cera".


A nova técnica introduzia o leitor de imediato no fato que estava sendo noticiado, já que, em dois parágrafos de quatro linhas cada, saberia o fato que se queria contar, quem era o autor da ação, onde e quando ocorrera e por quê, se fosse o caso.


Mas o livro de Cecília Costa não se limita a nos contar a história do "Diário Carioca". Vai adiante ao nos informar do desdobramento que aquela experiência jornalística conheceu, quando alguns daqueles redatores transferiram-se para o "Jornal do Brasil", em 1958, no momento em que se iniciou a renovação do velho jornal, então transformado num veículo de anúncios classificados. Nem Redação tinha mais, e as notícias eram transcrições do que publicava a agência oficial do governo federal.


A renovação do "Jornal do Brasil" começou, de fato, com o suplemento literário (o "SDJB"), criado por Reynaldo Jardim no ano de 1956. O êxito desse suplemento estimulou a condessa Pereira Carneiro, sua proprietária, a renovar o próprio jornal. Chamou Odylo Costa Filho para fazê-lo.


O acaso, como se sabe, é um fator decisivo na existência dos fatos e das pessoas. E assim foi que, por acaso, fui parar na Redação do "JB", por indicação de Carlos Castelo Branco. É que, àquela altura, já o "DC" atrasava pagamento dos salários, e eu necessitava daquela grana para as despesas da família.


Assim foi que, por acaso, me tornei chefe do copidesque do "JB". Para compô-lo, sugeri a Odylo a contratação de dois redatores: Jânio de Freitas e José Ramos Tinhorão, ambos ex-colegas meus no "DC". A vinda de Jânio - que era meu amigo desde quando trabalhamos na revista "Manchete" - foi decisiva.


Com a colaboração de Amílcar de Castro, começou uma revolução gráfica no "JB". Já falei aqui, mas acho importante repetir: naquela época, as primeiras páginas dos jornais eram ocupadas por matérias que continuavam nas páginas de dentro, quaisquer páginas.


Jânio mudou isso, ocupando a primeira página com resumos das notícias principais, que estariam completas numas mesmas páginas, conforme o assunto. Isso obrigou a escrever as matérias em tamanho definido. Assim nasceu o papel diagramado: cada redator tinha que ater-se a um número exato de linhas.


O jornal ganhou em organização e em clareza. Pode ser que exagere. A verdade, porém, é que os demais jornais pouco a pouco absorveram essas inovações surgidas no "Jornal do Brasil".


Cabe ressaltar que uma parte importante do livro de Cecília são depoimentos que nos mostram, sem mistificação, o que eram os jornais daquela época.


Fonte: Ferreira Gullar, "Folha de S. Paulo", Ilustrada, 21/5/12.

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Frase

"Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso."
Fernando Pessoa, poeta

domingo, 20 de maio de 2012 | | 0 comentários

Jornais sem novidade

Sou um leitor assíduo de jornais – não, não sou da geração “y”. Meu nível de conexão com as redes sociais é baixíssimo (não tenho Facebook, Twitter, Orkut, nada dessas ferramentas que só nos desviam o foco, arrumam problemas por causa da “bisbilhotice” alheia e servem para quem quer ficar procurando “tilangos” e “tilangas” ou “amigos” virtuais).

Fiz esta introdução inútil para deixar claro que não sou um usuário inveterado da Internet. Esta observação é importante para o que pretendo comentar. Como leitor de jornais, tenho percebido certa inutilidade de muitas páginas (e não são de classificados...). Vou tentar ser mais claro: grande parte das notícias que recebo diariamente não me interessa (nem aos meus pais, que compartilham os jornais comigo). Pouco se salva em cada edição.

Notícias como “Aumenta a procura por peixes na Quaresma” ou “Finados deve atrair 20 mil aos cemitérios” não fazem mais sentido no mundo de hoje. Tenho focado minha leitura em análises (editoriais, opiniões, etc) e eventuais “furos” de reportagem (sejam denúncias relevantes ou histórias exclusivas, bem escritas e bem contadas).

O que isto significa? Que a maior parte do noticiário está disponível na Internet. Somos bombardeados a cada minuto por uma quantidade enorme de informação. E os jornais continuam reproduzindo – no dia seguinte! - muito do que já está nas redes, tornando-os quase desnecessários. Se continuarem assim, vão acelerar as previsões apocalípticas sobre o meio.


Recentemente, estive nos Estados Unidos e percebi como os grandes jornais (“The New York Times” e “Washington Post”, por exemplo) reduziram o tamanho de suas edições, principalmente durante a semana. Lá, onde o acesso aos aparelhos móveis e à banda larga é infinitamente maior que no Brasil, a crise na mídia impressa é séria e já causou falências e centenas de demissões (talvez milhares).
 
Trata-se, então, de um caminho sem volta?

Não, ao contrário. Encontrei nos jornais norte-americanos boas histórias, daquelas que não aparecem facilmente em todos os sites (ou em qualquer site). Ou as mesmas histórias, contadas de um jeito diferente, sob um prisma novo. É uma reação às mudanças, uma tentativa de sobrevivência.

Além disso, permanecem as análises de conjuntura e as crônicas. Este tipo de material não se encontra por aí, reproduzido aos montes em qualquer site de notícias. Já as informações sobre a “procura por peixes na Quaresma” ou o “público do Finados” podem ser lidas em qualquer lugar.

Caros colegas jornalistas: não entendam esta manifestação como crítica ou ressentimento porque deixei a mídia impressa há três anos. Ao contrário: abri este texto deixando claro que sou um leitor assíduo de jornais. Formei-me profissionalmente dentro de uma redação de veículo impresso, algo de que me orgulho. Nutro o maior respeito pelo meio.

Busco apenas fazer uma análise sincera do meio (e muito do que escrevi sobre os jornais e revistas vale também para a TV, cujo noticiário do dia-a-dia é praticamente igual em qualquer canal e sem novidades em relação ao que já se viu na Internet).

Onde estão as grandes reportagens, as boas histórias, os bons textos, as belas imagens? Isto atraiu, atrai e atrairá sempre leitores e telespectadores.

(Em tempo: isto exige investimentos em profissionais de qualidade e em infraestrutura.)

Tenho um projeto de jornal um tanto ousado. Ele focaria justamente nestes pilares que aqui mencionei – “fait divers” em pequenas colunas, as notícias do dia-a-dia em pequenas colunas, restando espaço para prestação de serviços (excluindo loterias, previsão do tempo e afins, disponível em qualquer site de notícias), boas reportagens sobre figuras e acontecimentos que fogem da pauta tradicional e eventuais denúncias, com investimento forte em apuração e pesquisa.

Confesso que não sei se há espaço para isso ainda. Tenho notado um certo receio dos donos de jornais em mudar o atual formato, que vai sobrevivendo às custas do baixo nível de educação do brasileiro e da banda larga de péssima qualidade que temos no país. Quando tudo isto mudar, acredito que as cenas vistas nos EUA, onde as pessoas lêem as notícias preferencialmente pelo celular ou tablet, vão se repetir por aqui. Aí, os jornais terão mesmo que se reinventar ou caminharão paulatinamente para o abismo anunciado.

PS: a foto - bastante significa - que ilustra esta postagem foi tirada no metrô de Nova York.

* Mais sobre este assunto neste blog:




  

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"Do tempo"

Regina Azevedo escreve na revista “Planeta”:

“Muita energia é gasta em torno do que não vai dar certo. Generalizamos experiências ruins do passado como se fossem nossas únicas lembranças, eliminamos as coisas boas, distorcemos os momentos de felicidade – geralmente associando-os com as coisas terríveis que virão depois.


Não vivemos o presente. Somos uns bons estudantes, para sermos bons profissionais… no futuro. Somos bons filhos, para sermos bons pais… no futuro.


Ao emprestar dinheiro, sempre temos o cuidado de saber se nos podem pagar de volta. Então, por que emprestamos o nosso tempo a coisas sem importância, sabendo que estes momentos jamais nos serão devolvidos?”


Fonte:
blog de Paulo Coelho, postado em 11/05/12.

Emendo com comentário de uma colega de trabalho: "e o pior é que o 'amanhã' de todo mundo é o mesmo".


Pois é...

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Artistas de rua

Coisa típica nas cidades turísticas dos Estados Unidos, os artistas de rua fazem verdadeiras proezas. 

Este aí tinha um show um tanto longo, cerca de meia hora, e divertido. Fazia malabarismos em geral. 
A foto foi feita ao lado do Quincy Market, em Boston.

O artista fez questão de deixar claro que a atividade de rua é sua profissão - ou seja, ele vive disso mesmo.





sábado, 19 de maio de 2012 | | 0 comentários

Música

Vou lavar de madrugada e na cratera condenada eu me calei
E se eu calei foi de tristeza você cala por calar.

(Trecho de "Avohai", de Zé Ramalho)

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Na Câmara de Limeira, um clima estranho no ar

Estive na Câmara Municipal na última quinta-feira para acompanhar os primeiros trabalhos das CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Merenda e da Corrupção. Senti um clima estranho no ar – fruto ainda dos intensos episódios vividos com a cassação do então prefeito Silvio Félix (PDT).

Há situações na vida que deixam marcas profundas por longo período, às vezes para sempre; situações que mudam trajetórias, pensamentos e ações. Naturalmente, ninguém – tanto os que se envolveram quanto os que se omitiram – sairia incólume de um episódio como a cassação.

Vê-se também, claramente, a influência do período eleitoral que se aproxima, uma disputa que se anuncia dura.

Observei figuras sorridentes e confiantes – duas delas em franca ascensão política. Outras exibiam um semblante carregado, sinal de preocupação e desconforto. Havia quem tentava aparentar naturalidade, mas os traços faciais e o comportamento não escondiam a realidade. E tem até os que (talvez sabiamente) submergiram por tempo indeterminado.

Nos bastidores, as conversas rumam no mesmo sentido do que demonstram as faces e os comportamentos.

Em outras palavras, somos – nós todos, seres humanos - hoje consequência das nossas ações e omissões. O resultado de hoje (e principalmente de outubro nas urnas) será muito fruto do que fizeram ou deixaram de fazer os políticos ontem.

Em tempo: está cada vez mais próxima a união de um grande grupo em torno de uma candidatura. Trata-se de uma união de peso, com potencial quase imbatível para o 7 de outubro. É a união com que muitos sonhavam, com as vaidades ficando em segundo plano. 

PS: quem quiser acessar o calendário eleitoral, basta clicar
aqui.

quinta-feira, 17 de maio de 2012 | | 0 comentários

Uma visita à CNN (3)

Kurt Muller é editor executivo da CNN Wire – uma divisão da CNN que tem foco no que pode-se chamar de controle editorial. A iniciativa surgiu após a constatação de que havia conflitos de informação entre o que as diversas unidades da emissora (internacional, doméstica, espanhol, internet, etc) divulgavam. Era um problema de apuração: o correspondente informava um dado/fato, a agência de notícias outro e o público ficava “vendido”. Agora, todos os dados/fatos passam pela CNN Wire e a informação é divulgada de modo uniforme.



Diante desta nova estrutura, quais os riscos de uma informação ser divulgada errada ou de modo conflitante? Segundo Muller, três situações podem resultar em erros: 1) problemas técnicos (neste caso, basta pedir para algum especialista solucioná-lo); 2) falha de comunicação (neste caso, basta identificar a origem do “ruído” comunicacional e resolvê-lo); e 3) não ter segurança sobre a informação apurada (neste caso, o editor fica sem alternativa a não ser fazer nova apuração).

Muller é oriundo da imprensa escrita. Trocou-a pela TV porque encontrava uma certa “limitação para contar histórias”, como disse durante encontro na CNN em Atlanta (EUA). Na emissora, ele tem grande responsabilidade. É um dos únicos quatro profissionais com poder para liberar a divulgação de uma notícia - por exemplo, a confirmação da morte do terrorista saudita Osama Bin Laden.

Questionado sobre o futuro da imprensa, Muller afirmou com convicção que isto passa pelas ferramentas móveis, como tablets e celulares. Por isso, a CNN dedica grande esforço para manter sites e aplicativos - nos Estados Unidos, onde a presença dos “mobiles” é muito maior que no Brasil e a oferta de banda larga é disparadamente melhor e mais barata, qualquer cidadão tem um telefone com acesso à Internet. Não é à toa que a circulação dos jornais vem caindo ano a ano. Até a audiência das TVs sente o reflexo do crescimento das ferramentas móveis.

Brandon Miller é o “homem do tempo” na CNN. Não o que aparece nas câmeras: é o produtor da área de clima (editor na verdade) e meteorologista sênior. Participa, inclusive, da reunião geral diária da emissora.


Nos EUA, a seção climática tem grande importância. Segundo Miller, há dois públicos para atender. Um é dos turistas (do exterior e de dentro do país) que buscam saber quais as condições do tempo no local de destino (não custa lembrar que os EUA têm, tal como o Brasil, dimensões continentais, o que faz o clima variar muito de um lugar a outro). Esta é a previsão básica.

O outro público busca se informar sobre os efeitos do clima no cotidiano - ou seja, como um furacão, uma nevasca ou uma onda de calor vão afetar o tráfego, o fornecimento de água e energia, os negócios, os preços de insumos e dos alimentos, por exemplo. Para esta tarefa, a equipe do tempo busca, mais do que fazer previsões, contar histórias. E elas podem ser inclusive enviadas pelos telespectadores em todo o mundo (via iReport, projeto da CNN semelhante aos que no Brasil ganharam nomes como “Você é o repórter”).

A editoria de clima utiliza computadores e programas específicos que fornecem as condições do clima em todo o planeta. O sistema, em tempo real, é alimentado 24 horas e fica disponível para os jornalistas. Basta selecionar uma cidade e buscar as informações.

A previsão básica, com as mínimas e máximas ao redor do globo, são informadas em telas específicas durante a programação. Nas entradas ao vivo, os apresentadores do tempo buscam esmiuçar os fatos e relatar as histórias e impactos do clima na vida das pessoas.

Para quem não conhece uma televisão, esse tipo de serviço é feito num sistema chamado “chroma key”, como mostra o vídeo abaixo, feito na CNN.


PS: para ler as demais postagens sobre a visita à CNN, clique aqui e aqui.

* O vídeo foi gravado por Carlos Giannoni de Araujo