A corrida rumo à principal cadeira do Edifício Prada começou. Pelo menos dois pré-candidatos já se apresentam com frequência aos eleitores: o vereador Eliseu Daniel dos Santos (PDT) há tempos assina uma coluna – paga – no “Jornal de Limeira”. No espaço, ele expõe suas ideias para a cidade, sempre gravitando sutilmente ao redor da administração (ou seja, não assume um claro discurso de oposição tampouco de defesa do governo, indefinição que poderá custar caro ao pedetista em 2012).
Derrotado nas duas últimas disputas municipais, o empresário Lusenrique Quintal (DEM/PSD) estreou recentemente em sua emissora de TV – a Mix Regional – um programa no qual comenta problemas da cidade. O nome é sugestivo: “Falando de Limeira”. O objetivo é único e claro: expor o pré-candidato na mídia. O discurso, porém, segue o mesmo de campanhas anteriores (que não deram certo).
Quintal também seguiu o caminho de Eliseu e lançou uma coluna – igualmente paga – no “Jornal de Limeira”.
Haverá outros candidatos, naturalmente. Pela oposição, pelo menos dois vereadores manifestam intenção de disputar o cargo, um deles de forma mais clara, o outro com maiores chances. Mário Botion (que está de saída do PR por discordar dos rumos do partido) e Paulo Hadich (PSB).
O PR, por sua vez, tenta mobilizar uma frente suprapartidária para disputar a eleição majoritária – não necessariamente como cabeça de chapa (ou seja, pode oferecer um vice, o que é um passo importante para qualquer frente desse tipo funcionar, coisa rara na política limeirense).
Não custa lembrar que, depois do PDT do prefeito Silvio Félix, o PR foi o partido que mais elegeu vereadores em 2008 – três. Foi a surpresa da eleição para a Câmara Municipal. Contudo, caminha para terminar a legislatura com apenas um (Miguel Lombardi) após a expulsão de Piuí e a iminente saída de Botion. Pode soar como um enfraquecimento político, mas nos bastidores o partido é o que tem mostrado maior articulação e um bom poderio financeiro (o que é essencial numa campanha).
Poderio financeiro é o que se anuncia também para a campanha do candidato apoiado pelo prefeito – esta é ainda uma grande dúvida na corrida rumo ao Prada. Félix não tem hoje um nome certo. Falou-se no vice Orlando José Zovico (PMDB), no ex-secretário de Planejamento, Ítalo Ponzo Júnior, na atual presidente da Câmara, Elza Tank (PTB), no atual chefe de gabinete e ex-prefeito, José Carlos Pejon, e em Eliseu.
Até que veio a eleição para deputado em 2010 e o então presidente da Câmara (Eliseu), sem apoio do prefeito, anunciou um rompimento com o chefe do Executivo e presidente do partido na cidade. As nuvens da política, porém, mudam rapidamente. Meses depois, comenta-se nos bastidores que Félix (sem candidato aparente) tenta se reaproximar de Eliseu.
Desde então, duas manifestações reforçaram essa hipótese. Em entrevistas recentes, Félix manifestou que apoiará um candidato do seu partido, o PDT. Já Eliseu saiu com essa: “Eu não pedi o apoio dele, mas ele pode me apoiar”. Mero jogo de palavras.
O fato é que não cairá bem para o ex-presidente da Câmara sair candidato com apoio de alguém a quem tanto atacou tempos atrás, chamando-o inclusive de desleal. (Em tempo: não cairá bem perante o eleitorado, que fique claro, porque para muitos políticos o caráter não é uma qualidade a ser preservada.)
Estrategicamente, Eliseu mantém também um pé na canoa do PSC, partido ao qual já foi filiado e que hoje é comandado na cidade pela esposa dele, Susi (melhor seria dizer que o comando é mesmo de Eliseu). Até quando for possível, ou seja, setembro próximo (um ano antes do pleito), o ex-presidente da Câmara poderá mudar de sigla se achar conveniente.
Hadich não aceita apresentar-se como pré-candidato, embora admita que pode ser uma opção. Prefere discutir plano de governo. No meio político, porém, o nome do delegado e vereador só cresce. Não há pesquisa em que ele não apareça – e bem indicado (um político confidenciou ter se “assustado” com o porcentual de Hadich nas consultas, principalmente por causa da baixa rejeição).
Não custa lembrar que, com menos de dois anos de seu primeiro mandato, Hadich surpreendeu como candidato a deputado estadual, tendo quase 23 mil votos em Limeira (28 mil no total).
Elza é um nome que sempre aparece neste período, mas depois não se confirma. A própria presidente da Câmara já manifestou publicamente que “sua fase passou” (veja aqui). O apoio dela, porém, deve ser concorrido.
O PT mantém conversas com aliados de oposição e pode até, de última hora (como nos últimos pleitos), lançar candidato próprio. Seria, mais uma vez, uma atitude suicida de grupos – alguns deles sectários - que não conseguem formar alianças. Ou seja: junto com alguém de peso, o PT pode fazer diferença (o partido tem seguidores fieis). Sozinho, como sempre, será um fiasco (não tem um nome de peso para concorrer ao Executivo; o vereador Ronei Martins tem um claro perfil legislativo).
O jogo político tem ainda o PSDB, que segue em Limeira a sina nacional de rachas e perda de influência. O candidato a deputado pela sigla em 2010, José Luís Gazotti, teve menos de seis mil votos na cidade. O nome do ex-prefeito Pedro Kühl sempre é citado, mas ele tem dois obstáculos a superar: problemas judiciais (foi considerado inelegível em alguns processos) e a desconfiança do eleitorado pela renúncia ao cargo de prefeito em 2002. Outros nomes são citados, mas hoje soam como piada tamanha a falta de penetração política.
Não se deve subestimar, porém, a capacidade das elites tradicionais da cidade (com patrocínio de entidades de classe e da maçonaria) de lançar um candidato. Elas desejam retomar o comando do Executivo (que tiveram com Kühl e perderam com Félix).
Candidatos “nanicos” também devem surgir, mas sem peso no cenário eleitoral.
Há, contudo, um fator importante a considerar neste jogo: a possibilidade de haver segundo turno em 2012. A definição deve ocorrer em maio. E aí ficamos assim: com segundo turno, mais candidatos (todos saem e depois negocia-se apoio para a segunda parte da disputa); sem segundo turno, alianças imediatas e menor número de candidatos com viabilidade eleitoral.
São duas estratégias completamente diferentes que passam peça cabeça de todos os políticos neste momento.
Em tempo: com o recente cancelamento de cerca de dois mil títulos eleitorais em Limeira, o segundo turno ficou mais distante. Antes do corte, a cidade tinha 196 mil votantes cadastrados (são necessários 200 mil).
Desta vez, a disputa deverá ser dura. Espera-se apenas que seja leal (o que não é praxe em Limeira).
Os dados foram lançados e o jogo está aí para ser jogado.
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