A rainha foi ao Parlamento. Faz parte das tradições da monarquia inglesa. Confesso que admiro o glamour dos palácios e títulos e a tradição secular (ou milenar em alguns casos) desse tipo de regime, mas não consigo entender como, em pleno século 21, uma sociedade pode pressupor haver pessoas que valem mais do que outras.
Por isso, entre a admiração por alguns aspectos e a incompreensão por outros, resta a consideração da monarquia como uma alegoria. Uma alegoria com contornos curiosos. Por exemplo: a ida da rainha Elizabeth 2ª ao Parlamento inglês restringiu-se à Câmara dos Lordes (a alta). Ela enviou um emissário para convocar os chamados "comuns" (deputados) para que participassem da solenidade.
Monarquia à parte, a rainha foi ao Parlamento ler uma série de projetos de lei do primeiro-ministro Gordon Brown. Entre eles estão a volta da classificação de clubes noturnos com strip tease e mulheres seminuas na mesma legislação que regula a prostituição e a limitação de descontos oferecidos pelos bares em bebidas alcoólicas nas "happy hours" para combater a violência relacionada ao alto consumo de álcool.
Ou seja: a terra da rainha ameaça se tornar chata. A Inglaterra já é toda certinha - o que não quer dizer chata, pois transpira vanguarda. Se alguns devaneios foram restritos, porém, corre risco de fazer jus a rótulos que eventualmente recebe. Como o de ser chata.
Em tempo: se há um rótulo - ou melhor, uma expressão - que é perfeitamente compreensível após uma passagem pela Inglaterra é o tal "para inglês ver". Se você duvida, vá até lá e fique horas lutando por espaço em frente ao Palácio de Buckinghan para ver a tal troca da guarda pontualmente às 11h. Faça isso e entenderá de onde surgiu a expressão "para inglês ver"...
PS: as fotos são da AP e foram retiradas do UOL.
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