segunda-feira, 8 de agosto de 2011 | |

"Triple 'A' country"

Tomado por uma maré de más notícias e dificuldades políticas pré-eleitorais, o presidente dos EUA, Barack Obama, falou à nação hoje em defesa da economia do país. Fora as bravatas tipicamente norte-americanas, como a “nós somos os Estados Unidos da América”, o presidente democrata atacou o rebaixamento – por meio de uma agência de risco - do nível de confiança na capacidade do país de honrar seus compromissos.

Disse, entre outras coisas, que o rebaixamento não se deveu a dúvidas sobre a economia, mas às recentes incapacidades políticas de negociar medidas econômicas. E bradou que os EUA serão sempre um “triple ‘A’ country”, uma alusão ao nível máximo de confiança dado pelas agências de risco a um país, o “AAA”, que agora os norte-americanos perderam (pelo menos por parte da Standard & Poor´s).

Antes de mais nada, registre-se que se os EUA estão “mal das pernas” por receberem uma nota “AA+”, por que nós brasileiros estamos tão eufóricos se ainda estamos no grau “BBB“, segundo a agência Fitch Ratings? Seria uma questão de tendência – a nossa, de ascensão; a deles, de queda? Pode ser.

Sem entrar no mérito da decisão da Standard & Poor´s, criticada por gente mais gabaritada do que eu para comentar o tema, caso do jornalista Clóvis Rossi (para quem a decisão foi um “típico comportamento do ‘Tea Party’”, referência à ala mais conservadora dos republicanos), não deixa de ser curiosa a reação norte-americana. Afinal, não eram eles os primeiros a cobrar responsabilidade (fiscal, econômica e política) dos países e a rotulá-los conforme as letrinhas distribuídas pelas agências de risco que agora criticam?

Tenha sido uma decisão mais política do que técnica a da Standard & Poor´s, o fato é que pela primeira vez nas últimas décadas os EUA estão tendo que explicar perante o mundo as medidas que tomam – ou não – na economia doméstica. É inegável constatar, pois, que há uma ferida aberta e exposta. Se há sangria e qual a gravidade do ferimento, só o tempo dirá.

Em tempo: a presidente brasileira Dilma Rousseff também criticou a decisão da Standard & Poor´s de rebaixar a nota de crédito dos EUA (leia mais aqui).

PS: a crise econômica norte-americana já foi tema de postagem neste blog. Leia aqui.

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