(...) Daí as pequenas crises, particularmente no trato dos assuntos ministeriais. Agiu mal, cai. Esta forma de atuar não era hábito no período presidencial anterior e nem sequer faz parte dos hábitos políticos brasileiros.
O costume - diga-se de passagem, secular - é transigir e conciliar. Tudo acontece mediante conciliação. Nunca se vai às últimas conseqüências. Dilma rompeu a maldição.
É claro que determinados segmentos se encontram incomodados. No entanto, é possível que a presidenta esteja inaugurando um novo ciclo na política nacional.
Colocar as coisas no devido lugar. Fazer com que os fatos se tornem claros, as falcatruas expostas e seus autores exonerados é novidade que deixa perplexa muita gente.
O erro dos políticos tradicionais é nítido. Esqueceram de examinar a trajetória da presidenta Dilma. Ela sempre mostrou liderança e lutou, de maneira inequívoca, pela democracia e moralidade administrativa.
(...) Erram, pois, os políticos, inclusive os mais experientes que, em governos passados, ocuparam cargos relevantes nos poderes da República, em procurar agredi-la - e a seu governo - com palavras ou bravatas.
Dilma tem componentes diferentes dos operadores políticos de todos os tempos. Possui coragem e destemor. Não é carreirista. Quer exercer com dignidade seu mandato.
Se tudo isto não fosse suficiente, a democracia plena em que se vive não permite a presença da imoralidade administrativa e nem das velhas técnicas de desestabilização dos governantes.
A opinião pública sabe diferenciar com precisão os bons e os maus atos dos administradores. As boas e as más condutas dos políticos. Terminou a fase do quem pode leva.
(...) Dilma age como quer a maioria da cidadania: preserva a dignidade do cargo e afasta firmemente os de conduta frágil. Tudo isto é novidade. Dai alguma perplexidade de seus adversários e dos analistas deformados pela paixão ou interesses.
Fonte: Cláudio Lembo, "Dilma, a nova fase", Terra Magazine, 1/8/11.
Em tempo: Lembo é ex-governador de São Paulo.
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