Kiruna, norte da Suécia. Aqui,
o inverno é rigoroso - no pico da estação, a temperatura pode chegar a 45 graus
negativos. Localizada num canto isolado do globo, 200 quilômetros acima do Círculo
Polar Ártico, a cidade de 23 mil habitantes foi erguida sobre um verdadeiro
tesouro: a maior mina de ferro do mundo. A mineração é a razão da existência de
Kiruna. A cidade nasceu junto com a exploração desse recurso, o quarto mais
presente no planeta. Daqui saíram 28 milhões de toneladas de minério cru no ano
passado.
Para tirar tudo isto debaixo
da terra, a empresa mineradora usa 1,7% de toda a energia da Suécia - é uma das
maiores consumidoras do país. Mas com novas tecnologias, ela virou também
fornecedora. A energia gerada no processo de mineração é reciclada e vai para o
sistema de aquecimento da cidade. Hoje, ela representa 5% das necessidades de Kiruna.
No futuro, com um novo sistema que está em testes e deve começar a operar no meio do ano, será possível sustentar todo o sistema de aquecimento da cidade. Isto irá reduzir a demanda por energia, o que significa economia para os consumidores. E vai quase zerar o uso de combustíveis fósseis, uma boa notícia para o meio ambiente.
No futuro, com um novo sistema que está em testes e deve começar a operar no meio do ano, será possível sustentar todo o sistema de aquecimento da cidade. Isto irá reduzir a demanda por energia, o que significa economia para os consumidores. E vai quase zerar o uso de combustíveis fósseis, uma boa notícia para o meio ambiente.
A medida também vai
contribuir para a meta do governo sueco de reduzir pela metade o consumo de
energia do país até 2050.
Mas a mina não trouxe só
riqueza para Kiruna. Criou também um grande problema. A exploração avança em
direção à área urbana e já afeta o subsolo. Pelo menos seis mil pessoas vão
perder suas casas nos próximos anos. Para que a cidade não desapareça, a
comunidade decidiu mudá-la de lugar. Um novo centro será construído três
quilômetros para o leste. Problema que virou também oportunidade. Kiruna quer
aproveitar a mudança para construir uma cidade mais sustentável. E o primeiro
passo é fazer casas ecológicas - ou autossustentáveis. Um modelo já foi
construído e está na fase de acabamento.
Como em Kiruna o sol se põe
cada vez mais cedo no inverno, quando visitamos a casa já estava escuro. Num
lugar com temperaturas tão baixas durante meses, um dos primeiros desafios da
equipe que desenvolveu o projeto foi garantir aquecimento para os moradores. As
paredes, por exemplo, são bem largas - tudo para segurar o ar quente dentro do
imóvel e o ar frio fora. Ccom a mesma finalidade, a casa tem janelas amplas e
com vidros duplos.
Além dos avanços tecnológicos,
a casa sustentável conta com uma ajuda extra para o sistema de aquecimento. O
calor gerado pelo próprio corpo humano. Desde que a nossa equipe chegou ao
imóvel, por exemplo, a temperatura ambiente subiu um grau.
Seguindo o conceito de casa
autossustentável, o aquecimento da casa aproveita também o calor dos
equipamentos da cozinha e outros aparelhos elétricos.
E em tempos de crise hídrica no Brasil, a casa tem uma
solução inteligente nos banheiros. Um sistema permite o reúso constante da água
do banho. Assim que ela atinge o chão, passa por um filtro e é bombeada
novamente para a rede. Não existe desperdício. Toda
a água que circula pela casa é aquecida por um sistema especial. Ela chega
fria, recebe calor e retorna aquecida.
De acordo com Mats Nilsson,
chefe da empresa de energia municipal, a Tekniska Verken I Kiruna Ab, a
construção da casa ecológica custa de 30% a 50% mais do que uma residência
normal, mas ele explica que os custos de manutenção no dia a dia serão muito
menores. “Algumas casas tradicionais em Kiruna usam 30 mil quilowatts por ano
para aquecimento. Esta casa vai usar apenas cinco mil a seis mil. É muito
dinheiro num ano”.
Embora o projeto tenha sido
feito para uma cidade localizada quase no polo Norte, o diretor garante que os
conceitos também podem ser aplicados num país tropical como o Brasil. “A ideia
principal, de preservar a maior quantidade de energia possível, é uma boa
ideia. Eu imagino que em condições tropicais, você estará isolando a alta
temperatura do lado de fora e preservando uma boa temperatura do lado de
dentro. Você reduz a quantidade de energia necessária para resfriar o ambiente.”
* Texto original de reportagem
feita para o programa “Repórter Eco” (TV Cultura, dom., 17h30)
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