quinta-feira, 18 de setembro de 2014 | |

"Ventos da transformação"

The world is closing in
Did you ever think
That we could be so close, like brothers
The future's in the air
I can feel it everywhere
Blowing with the wind of change

Walking down the street
Distant memories
Are buried in the past forever

The wind of change blows straight
Into the face of time
Like a stormwind that will ring
The freedom bell for peace of mind
Let your balalaika sing
What my guitar wants to say

Take me to the magic of the moment
On a glory night
Where the children of tomorrow dream away
In the wind of change


(“Wind of Change”, de Klaus Meine)


Ontem tive como missão abordar o referendo sobre a independência da Escócia – realizado nesta quinta-feira (18/9). Não sei o resultado e isto pouco importa (pesquisas de boca de urna indicam a vitória do “não”).

O que me chamou a atenção foi o contraste das duas entrevistas que fiz, uma pragmática, outra sentimental.

O professor de Relações Internacionais da FAAP, Marcus Vinícius, disse basicamente que a separação da Escócia do Reino Unido não era viável porque:

1 – a economia escocesa se basearia na exploração de petróleo e qualquer alteração no preço para menos (como preveem alguns especialistas caso a exploração de xisto seja bem sucedida) seria terrível para as finanças do país;

2 – a sociedade não poderia basear a independência num descontentamento com os governos conservadores do Reino Unido;

3 – o nível de “desinvestimento” no país seria grande.

Aleguei que a análise, embora correta, desconsiderava os sentimentos e até mesmo a crise de representatividade que atinge parte do mundo – a Escócia incluída.

Pois esta parte da análise veio justamente de um escocês. Murray Fergusson, há sete anos no Brasil, disse estar indeciso, citou que os pais votariam pelo “não”, enquanto o irmão votaria “sim”.

Contudo, falou que sempre houve no país um sentimento de mudança, que se acentuou com o governo de Margaret Thatcher nos anos 1980. Salientou também o fato de que “por um dia os escoceses terão o poder nas mãos para decidir o futuro e isto é bom para a democracia”.

E quando forcei-o a escolher um dos lados, já que se estivesse na Escócia teria que tomar uma decisão, ele falou após refletir um pouco: “I would be brave and vote ‘yes’”.

Mas a melhor frase de Fergusson veio quando comentei que, mesmo com a eventual vitória do “não”, o governo britânico seria forçado a fazer concessões à Escócia, como já vinha prometendo. E isto seria uma vitória.

“Ventos de mudança chegaram. Independentemente do resultado, a Escócia e o Reino Unido não serão mais os mesmos a partir de amanhã de manhã”.

E o amanhã chegou...

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